Em manifestação sigilosa enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Advocacia-Geral da União (AGU) defendeu a permanência do líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, na Penitenciária Federal de Brasília. O caso, que tramita sob segredo de Justiça, está sob a relatoria do ministro Luís Roberto Barroso.
O governo do DF é contra a presença de Marcola e outros líderes de facções criminosas na região. “Brasília não é local para abrigar presos dessa natureza, temos autoridades e 180 organizações internacionais na capital”, disse à reportagem o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), na semana passada.
Segundo o Estado/Broadcast apurou, a AGU alega que de todas as penitenciárias federais, Brasília possui a maior e melhor estrutura de apoio. A AGU também sustenta que já havia episódios de atuação do PCC no DF mesmo antes da transferência de líderes de facções criminosas para a capital.
Responsável por defender os atos do governo federal, a AGU ainda destaca no documento experiências internacionais, ressaltando que capitais como Paris, Berlim e Londres também abrigam presídios.
De acordo com o órgão, a abertura da penitenciária federal em Brasília não gerou impacto na segurança pública, porque o Fundo Constitucional do DF (uma espécie de mesada bilionária que o DF recebe da União) já arca com as despesas para a manutenção das polícias na região, além de outros recursos transferidos da União para o governo local.
Em dezembro do ano passado, o Exército cercou a Penitenciária Federal de Brasília após setores da inteligência do governo receberem informações de um plano para resgatar Marcola. O plano para resgatar Marcola teria sido planejado por Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como Fuminho ou Magrelo, apontado como uma das principais lideranças do PCC.
Fuminho é considerado o maior traficante do Brasil e apontado como “sócio” de Marcola nas operações no País. De acordo com informações de setores da inteligência, ele está na Bolívia, de onde controla a operação de envio da droga para a Europa.
Em fevereiro do ano passado, uma megaoperação foi feita nos presídios de São Paulo para isolar 22 lideranças do PCC. Marcola, que estava na Penitenciária II de Presidente Venceslau, foi transferido primeiro para Porto Velho, em Rondônia. Em março, menos de um mês após sair da unidade paulista, o criminoso foi trazido para a Penitenciária Federal de Brasília. Outros três integrantes do PCC vieram no mesmo dia: Cláudio Barbará da Silva, Patrik Wellinton Salomão, e Pedro Luiz da Silva Moraes, o Chacal.
O governo do DF é contra a permanência de todos os líderes de facções criminosas na capital federal.
Por Rafael Moraes Moura
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