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Coronavírus entra no radar de riscos dos bancos centrais

(Foto: Shutterstock)

As consequências do coronavírus para a economia ainda são imprevisíveis. Na manhã desta quarta-feira (12), autoridades chinesas disseram que o número de mortes em decorrência do coronavírus continua a subir. As vítimas fatais já são 1.113. Nas últimas 24 horas, houve mais 97 mortes e mais 2.015 contaminações confirmadas, elevando o total de infectados para 44.653 pessoas.

O impacto sobre a economia vem aumentando. As exportações australianas de minério de ferro para a China vêm sendo prejudicadas. Após descarregar o minério, as tripulações e os navios australianos que fizeram o transporte têm de passar pelo menos 14 dias em quarentena, para comprovar que não foram infectados pelo vírus. E exportadores de gás natural liquefeito de países como Qatar e Indonésia podem ter de enfrentar uma interrupção de suas exportações, devido à suspensão das atividades nas empresas chinesas que consomem o combustível.

A preocupação chegou às lideranças da economia. Na terça-feira (11), a ata da 228ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) citou o coronavírus como um fator a ser acompanhando. E, na tarde da terça-feira, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), disse que a epidemia pode expor a economia dos Estados Unidos a riscos maiores, e será preciso avaliar se os impactos serão relevantes e persistentes.

Indicadores

Na manhã desta quarta-feira (12), o IBGE divulgou a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), com o movimento do varejo nacional em dezembro. O resultado veio abaixo das expectativas. Segundo o Instituto, as vendas encolheram 0,1% no último mês de 2019, ante projeções de um avanço de 0,2%. O crescimento de 1,8% no acumulado do ano veio em linha com as expectativas, embora tenha ficado abaixo do crescimento de 2,3% em 2018 e de 2,1% em 2017.

Boa parte da desaceleração ocorreu no setor de hipermercados, supermercados, alimentos, bebidas e fumo, onde o IBGE registrou uma queda de 1,2%. Segundo o Instituto, essa atividade, que representa 44% do movimento total do varejo, foi prejudicada pela alta dos preços da carne, que reduziu os negócios.

Segundo o IBGE, as vendas de dezembro de 2019 cresceram 2,6% em comparação com o resultado de dezembro de 2018. As explicações são a presença de recursos adicionais na economia, devido à liberação dos saques nas contas do FGTS a partir de setembro e ao aumento na concessão de crédito à pessoa física. Segundo o IBGE, o comércio ainda não se recuperou totalmente da crise de 2015 e 2016, mas tem mostrado o melhor desempenho desde outubro de 2014.

Considerando o varejo ampliado, que inclui vendas de veículos, autopeças e material de construção, a desaceleração de dezembro foi 0,8%.

Os sinais de desaceleração no varejo e as declarações cautelosas dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos mostram que ainda há mais dúvidas do que certezas em relação às perspectivas. Apesar de a economia americana dar sinais de vigor, no Brasil os indicadores são menos pujantes.

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