Em busca de uma reaproximação com a bancada ruralista, o presidente Jair Bolsonaro ofereceu um café da manhã para a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) nesta quarta-feira, 12, no Palácio do Planalto. No encontro, ouviu novos pedidos para direcionar recursos do Orçamento para questões como pesquisa, defesa e assistência técnica rurais.
O líder do grupo, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), afirmou que o governo demonstra maior “sintonia” após o primeiro ano de gestão e, agora, “encontrou o caminho”. “Vamos pisar fundo”, disse Moreira a jornalistas. Além de deputados e senadores, participaram do encontro desta quarta os ministros Tereza Cristina (Agricultura), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil).
No fim do ano passado, Moreira afirmou que a bancada endureceria a relação com o governo justamente pela redução de recursos para o setor em 2020. Só na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o corte foi de quase metade do que foi destinado em 2019 – a proposta orçamentária do governo destina R$ 1,982 bilhão à estatal em 2020, redução de R$ 1,732 bilhão sobre o valor aprovado para o ano passado, de R$ 3,634 bilhões.
De acordo com o líder da bancada, a ministra da Agricultura marcou um encontro com o colega da Economia, Paulo Guedes, para discutir a questão. “O Orçamento agora está na mão da Câmara, na mão do Congresso. Temos que articular para conseguir os recursos necessários”, disse Moreira ao Broadcast/Estadão. “O presidente se manifestou favorável (a aumentar recursos para o setor), mas disse que tem que haver uma articulação política entre os líderes e com o presidente da Casa, com o relator do Orçamento, junto com o Paulo Guedes para poder fazer isso.”
Desde o início do mandato, Bolsonaro tenta priorizar o diálogo com bancadas parlamentares em detrimento dos partidos políticos, mas ouviu críticas nos últimos meses, inclusive dos representantes do agronegócio. Nesta quarta, Moreira destacou que a FPA é formada por mais de 250 parlamentares e que pode apoiar pautas do governo no Congresso. O apoio, no entanto, não é irrestrito. Ele ponderou que cada pauta deverá ser avaliada separadamente.
Apesar disso, o líder dos ruralistas reforçou que os parlamentares têm seus partidos e que não necessariamente compõem a base do governo.
Moreira disse que, no café da manhã, o presidente não se comprometeu a encaminhar pautas específicas ao Legislativo, mas que a criação do Conselho da Amazônia, formalizada na terça-feira, 11, pode ajudar a viabilizar uma “gestão legalizada” da região. O deputado falou sobre o assunto ao tratar do projeto que regulariza atividades exploratórias, como o garimpo, em áreas protegidas. De acordo com Moreira, Bolsonaro pediu apoio para o texto no Congresso.
O líder da FPA também destacou que o presidente “tem vontade” de priorizar projetos do agronegócio, mas que há outras instâncias, inclusive do Judiciário, que precisam ser consideradas. “É preciso fazer isso de forma amadurecida”, defendeu.
Por Julia Lindner
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