Colégios particulares de elite foram tomados pelas águas com a forte chuva que atingiu São Paulo desde a madrugada desta segunda-feira, 10. Os alagamentos fizeram com que aulas fossem suspensas tanto nesta segunda quanto na terça-feira, 11, e deixaram pais perplexos com a dimensão das enchentes em bairros nobres da capital.
“É impressionante, muita gente acha que isso só acontece no Jardim Pantanal, mas não é bem assim, toda a cidade está vulnerável”, diz Angela Almeida, mãe de João, de 16 anos, que estuda no Colégio Santa Cruz. Imagens da escola alagada correram os grupos de mães de Whatsapp durante o dia.
O Santa Cruz, que fica numa das regiões mais nobres de São Paulo na zona oeste, amanheceu com o seu piso térreo completamente alagado. A água subiu cerca de um metro e tomou bancos, mesas e uma biblioteca que tinha acabado de ser finalizada – mas estava sem livros. O alagamento aconteceu por volta das 5 horas da manhã e os pais receberão mensagens da escola logo cedo para não levar os alunos.
A região fica perto do Rio Pinheiros e já sofreu outras enchentes, a última em 2013. Mas, segundo pais e funcionários, a dificuldade dessa vez é que a água está demorando a baixar. Segundo a direção, a razão do alagamento foram “fortes chuvas que provocaram o transbordamento do rio, aliadas à dificuldade de escoamento da água na região”.
O colégio fica perto do Rio Pinheiros, atende 3200 alunos do ensino infantil ao médio, com mensalidades que entre R$ 4 mil e R$ 5 mil. A direção informou que ainda está avaliando todos os danos e que não haverá aulas nesta terça-feira.
Grupos de estudantes têm se mobilizado ao longo do dia para formar mutirões para limpar os ambientes atingidos, mas ainda não puderam entrar no colégio. Entre as preocupações estão a eventual contaminação da água que tomou a escola.
A Beacon School, escola bilíngue que fica na Vila Leopoldina, também foi invadida pelas águas. Segundo a diretora da escola, Maria Eduarda Sawaia, o prédio está interditado por causa da enchente e não foi possível sequer entrar na unidade para saber a extensão dos danos. O colégio tem cerca de 800 alunos de fundamental 1 e 2. Não haverá aulas na escola pelo menos até quarta-feira.
Outro colégio particular que amanheceu ilhado foi o Porto Seguro, em sua unidade Morumbi. O enorme estacionamento da escola foi totalmente tomado pela água e ainda não há previsão sobre retorno das aulas. “Não foi uma surpresa tão grande porque já alagou outras vezes, mas a maior parte dos alunos foi até lá e descobriu que não haveria aula”, diz o empresário Victor Ferreira, pai de Guilherme e Felipe.
Segundo a escola, o “cancelamento das aulas nesta segunda e terça-feira não prejudicará a programação pedagógica, que será reorganizada durante o ano letivo”.
A unidade da Vila Leopoldina do Colégio Vera Cruz também suspendeu as aulas na tarde desta segunda-feira. A rua em frente ao colégio alagou, a água entrou no pátio e os alunos do ensino médio que estavam na escola foram dispensados.
A Avenues, escola internacional com mensalidades que chegam a R$ 8 mil e que fica próxima da Marginal Pinheiros, cancelou as aulas por precaução e dificuldade de acesso. Outras escolas mandaram informes aos pais avisando que faltas não seriam contadas hoje e que a atividade pedagógica também não seria prejudicada para quem não pudesse comparecer.
Por Renata Cafardo
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