O dólar passou a tarde oscilando entre o positivo e o negativo para, apenas mais perto do fechamento da sessão, mostrar enfraquecimento ante ao real. No segmento à vista fechou em queda de 0,45%, cotado a R$ 4,2390.
Durante boa parte do pregão, a perspectiva de novo afrouxamento da política monetária pelo Comitê de Política Monetária (Copom) pressionou na desvalorização do real em razão de um maior estreitamento da diferença entre o juro interno e externo. No entanto, no fim do dia, a moeda local reagiu em linha com o movimento de seus pares emergentes, que ganharam força, e a perspectiva de entrada de recursos em razão da venda de ações da Petrobras.
Segundo Eduardo do Prado, sócio da RJ Investimentos, é forte a demanda de investidores institucionais pela oferta, que pode somar R$ 23 bilhões em ações da Petrobras que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) faz esta semana. “E isso dá uma apaziguada na pressão contra o real”, afirma Prado.
Em relatório, os economistas do Citi estimam uma participação de 50% de estrangeiros na ponta de compra. “Esse fluxo de estrangeiros pode ser um apoio para o real”, avaliam.
Mesmo que o BNDES venda ações também no exterior, em algum momento, esse dinheiro tem de entrar para o banco no Brasil. Um outro especialista em câmbio que preferiu anonimato ressalta que o evento embute mais uma expectativa dos investidores sobre a atração dos recursos estrangeiros para as ofertas que vão seguir este ano na Bolsa brasileira.
A perspectiva de ingresso de dinheiro de fora foi hoje – e pode ser até o final desta semana – um contraponto ao impacto do diferencial de juros sobre o câmbio. Para Prado, ainda que reduza mais o carry trade, a queda de 0,25 ponto porcentual da Selic, como foi anunciada hoje pelo Copom, tem efeito mais contido sobre a variação cambial.
Por Simone Cavalcanti
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