A queda de 0,7% na produção industrial em dezembro ante novembro fez o setor acumular uma queda de 2,4% nos dois últimos meses de 2019, quando teve resultados negativos. Os resultados são da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os recuos nos meses de novembro (-1,7%) e dezembro eliminaram todo o ganho que a indústria tinha acumulado entre os meses de agosto (1,2%), setembro (0,2%) e outubro (1,0%).
“A gente tinha comentado que a melhora poderia estar associada a algum tipo de antecipação da produção associada às datas importantes do comércio, como Black Friday e Natal. E esse aumento de ritmo foi acompanhado por aumento nos estoques. Isso traz algum tipo de necessidade e de arrumação de estoques. Não por acaso, novembro e dezembro foram meses muito marcados por férias coletivas”, ressaltou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.
Segundo Macedo, como houve piora nas exportações em 2019, especialmente para a Argentina, foi necessário cortar a produção, uma vez que o consumo doméstico não deu conta de reduzir os estoques.
“Redução na produção foi disseminada entre atividades no fim de 2019”, confirmou Macedo.
Ramos
O recuo de 0,7% na indústria em dezembro ante novembro foi disseminado entre as atividades pesquisadas, ressaltou Macedo. Em dezembro, 17 dos 26 setores investigados registraram redução, de acordo com os dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física.
As principais influências negativas foram registradas por veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,7%) e máquinas e equipamentos (-7,0%). A produção de veículos acumulou um recuo de 9,7% em três meses consecutivos de perdas.
Outras contribuições negativas relevantes foram de indústrias extrativas (-1,4%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-6,2%), artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-6,6%), metalurgia (-1,9%), produtos de metal (-2,9%), produtos de borracha e de material plástico (-2,5%), produtos de minerais não-metálicos (-1,8%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-2,5%).
Na direção oposta, entre os nove ramos que ampliaram a produção, o desempenho de maior importância foi de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (4,2%). Também houve avanços relevantes em impressão e reprodução de gravações (39,8%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (5,3%).
Na outra base de comparação, a queda de 1,2% registrada pela indústria em dezembro de 2019 ante dezembro de 2018 foi decorrente de perdas na produção em 14 das 26 atividades pesquisadas.
O mês de dezembro deste ano teve um dia útil a mais que igual mês do ano anterior, ou seja, não houve influência do efeito calendário no mau desempenho industrial de dezembro.
O índice de difusão da indústria – que mostra o porcentual de produtos com crescimento na produção em relação ao mesmo mês do ano anterior – passou de 45,0% em novembro para 49,4% em dezembro.
A maior pressão negativa sobre a média global foi das indústrias extrativas (-12,2%), pressionada pelo minério de ferro. Houve redução também na produção dos ramos de metalurgia (-10,4%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-17,3%), máquinas e equipamentos (-7,2%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-2,6%), artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-8,6%), celulose, papel e produtos de papel (-2,9%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-8,1%) e produtos de minerais não-metálicos (-3,2%).
Dados trimestrais
A produção da indústria brasileira subiu 0,2% no quarto trimestre de 2019, ante o terceiro trimestre do ano, segundo o IBGE.
Na comparação com o quarto trimestre de 2018, a produção industrial caiu 0,6% no quarto trimestre de 2019.
Revisões
O IBGE revisou o resultado da produção industrial em novembro ante outubro, de -1,2% para -1,7%. A taxa de outubro ante setembro passou de 0,8% para 1,0%.
Na categoria de bens de capital, a taxa de outubro ante setembro passou de alta de 0,4% para queda de 1,4%, enquanto o resultado de setembro ante agosto saiu de -0,4% para 0,0%. O resultado de agosto ante julho foi revisto de 0,0% para -0,8%.
Os bens intermediários tiveram o desempenho de novembro ante outubro revisto de -1,5% para -1,7%.
A taxa dos bens de consumo duráveis em novembro ante outubro foi revista de -2,4% para -3,1%, enquanto a de setembro ante agosto passou de 2,6% para 2,2%.
O desempenho dos bens de consumo semi e não duráveis em novembro ante outubro passou de -0,5% para -0,7%. O resultado de outubro ante setembro saiu de 1,1% para 1,0%, a taxa de setembro ante agosto passou de 0,8% para 0,6%.
Por Daniela Amorim
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