Na abertura do Ano Judiciário, três ministros do governo Jair Bolsonaro acompanhavam atentamente a cerimônia realizada no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), com expectativas voltadas para o encerramento de 2020. Mais precisamente à vaga que será aberta em novembro, com a aposentadoria compulsória do decano do STF, ministro Celso de Mello, o que vai abrir a primeira cadeira na Corte a ser indicada pelo presidente Jair Bolsonaro.
A solenidade que marcou a reabertura dos trabalhos no Supremo foi acompanhada pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Mas quem chamou a atenção ali nos corredores do Supremo foi outro trio: os ministros da Justiça, Sérgio Moro, da Advocacia-Geral da União (AGU), André Mendonça, e da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira. Os três são cotados para o STF e chegaram juntos à solenidade.
Além da vaga de Celso de Mello, outro ministro deixará o Supremo no governo Bolsonaro: Marco Aurélio Mello se aposenta em julho de 2021, quando completa 75 anos. Ou seja, Bolsonaro terá direito a escolher dois nomes para a Suprema Corte até 2022.
Sérgio Moro e André Mendonça se sentaram lado a lado na solenidade, em uma fileira de cadeiras reservadas para autoridades, logo atrás dos ministros do STF. O ministro-chefe da AGU costuma acompanhar presencialmente as sessões plenárias do Supremo, defendendo da tribuna os interesses da União.
Já o nome de Moro voltou a ganhar força na corrida por uma das cadeiras do STF na semana passada, após o próprio ministro falar abertamente sobre o tema, diante da ameaça do presidente Jair Bolsonaro de esvaziar sua pasta. Se antes a resposta padrão do ex-juiz para fugir das perguntas era “não tem vaga (aberta) no momento”, Moro foi enfático ao dizer que se trata de “perspectiva que pode ser interessante, natural na minha carreira”, em entrevista à rádio Jovem Pan.
Moro tem encontro marcado com o Supremo no julgamento que vai analisar a sua conduta ao condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. A Segunda Turma do STF deve concluir o julgamento assim que Celso de Mello retornar da licença médica após cirurgia no quadril.
No final do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro disse que o ministro Jorge Oliveira é um bom nome para o Supremo Tribunal Federal. Ele voltou a elogiar outro possível indicado, o ministro André Mendonça. Sobre a possibilidade de indicar o ministro Moro, disse que é preciso ver como está a aceitação dele no Senado, a quem cabe aprovar as indicações para o STF.
Por Rafael Moraes Moura e Julia Lindner
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