O dólar voltou a cair, após atingir o maior valor nominal da história na última sexta-feira. A moeda americana teve um dia de realização de ganhos no mercado doméstico, com o real acompanhando a maioria das moedas emergentes. A piora da balança comercial acabou limitando a queda na parte da tarde, com janeiro apresentando o pior déficit para o mês em cinco anos. No final da sessão, o dólar à vista terminou em baixa de 0,84%, a R$ 4,2492, a maior queda porcentual desde 30 de dezembro.
A segunda-feira foi marcada por certo alívio no mercado financeiro internacional, após a China voltar do feriado Lunar e reabrir seus mercados, movimento que havia sido adiado por conta da epidemia do coronavírus. Pequim havia anunciado na véspera injeção de US$ 174 bilhões para dar liquidez. As bolsas subiram aqui e em Nova York. “Na medida em que o número de casos parece estar diminuindo, o foco do mercado se vira para o impacto na economia”, observam os estrategistas do Danske Bank.
Para o gestor da Trafalgar Investimentos, Ettore Marchetti, ajuda a avaliar o estresse a visão de que os governos estão agindo rápido e o impacto econômico da epidemia pode ficar concentrado no primeiro trimestre deste ano. Além disso, a letalidade deste tipo de gripe tem sido baixa, ao redor de 2% dos infectados.
No caso do real, Marchetti observa que a oferta de ações esta semana da Petrobras, de papéis da carteira do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pode ser um teste importante. Se atrair muitos estrangeiros, deve sinalizar como será o comportamento destes agentes em outras vendas de ações, o que pode ajudar a valorizar o real. A precificação da oferta será na quarta-feira, dia 5, e a operação pode movimentar R$ 23 bilhões. O Credit Suisse projeta que as operações (aberturas de capital e ofertas subsequentes) podem movimentar R$ 200 bilhões este ano. Hoje foi precificada a oferta de ações de abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) da Mitre Realty, que movimentou até agora R$ 1,18 bilhão.
O dólar à vista chegou a cair para R$ 4,23 na mínima do dia, mas após a divulgação da balança comercial de janeiro, o movimento perdeu certo fôlego e a divisa passou a operar na casa dos R$ 4,24. O déficit foi US$ 1,745 bilhão no mês recém-terminado, o primeiro resultado deficitário para um mês desde fevereiro de 2015.
O governo vê o aumento das importações, que subiram 4,5%, como um indício de recuperação da economia. Mas entre economistas a visão é divergente. O Itaú observa que a importação de duas plataformas de petróleo distorceu os números de janeiro. Já a consultoria Arazul observa que o déficit mostra uma tendência de deterioração da balança comercial para o ano.
Por Altamiro Silva Junior
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