Press "Enter" to skip to content

Com coronavírus, Bolsa tem pior semana desde agosto de 2019

O Ibovespa acumulou perda de 3,90% nesta semana, a maior para o intervalo desde a encerrada em 16 de agosto de 2019 (-4,03%), de acordo com o AE Dados, momento no qual os ativos brasileiros, entre os quais o real, sofriam os efeitos da derrota do então presidente argentino Mauricio Macri para o populista Alberto Fernández em prévia eleitoral. Nesta sexta-feira, 31, ainda pressionado pelas incertezas sobre o coronavírus, o principal índice da B3 fechou em baixa de 1,53%, a 113.760,57 pontos, acumulando perda de 1,63% no mês – o primeiro desempenho negativo para janeiro desde 2016.

Na Bolsa, o giro financeiro totalizou hoje R$ 24,2 bilhões, com o Ibovespa oscilando entre mínima de 113.148,36 e máxima de 115.518,20 pontos, em dia de vendas disseminadas, com poucas ações (11) em terreno positivo no encerramento. O movimento negativo chegou a se acentuar na hora final da sessão, com o Dow Jones, índice de Nova York que concentra ações de indústrias, entre as quais companhias com forte geração de receitas no exterior, em queda acima de 2%, nas mínimas do dia. No pior momento aqui, o Ibovespa perdia pouco mais de 2% na sessão.

Além das dúvidas sobre a doença e as consequências para a economia global, em especial para a China, os dados do dia, como o PIB e a inflação na zona do euro, fracos, não contribuíram para melhorar a percepção de risco. O sentimento continua a ser condicionado pelo noticiário sobre o coronavírus, e o que tem chegado até o momento – suspensões de voos, 23 países com casos confirmados e revisões de expectativa de crescimento por consultorias e bancos, especialmente para o primeiro trimestre na China, com efeito global – reforçou a cautela na véspera do fim de semana.

“Na segunda-feira, os mercados da China (Xangai e Shenzhen) reabrem, certamente com muita pressão vendedora, e poderemos então começar a contar os cacos”, aponta Ilan Arbetman, destacando a “assimetria” de informação entre a crise atual e episódios do passado, como a SARS (2002-2003) e a H1N1 (2008-2009), o que dificulta a mensuração, pelos agentes econômicos e investidores, da extensão e duração do surto em curso, bem como dos respectivos efeitos sobre a economia global.

Assim, os fundamentos domésticos tendem a permanecer em segundo plano no curtíssimo prazo, avalia Arbetman, chamando atenção para a redução da taxa de desemprego a 11% e a leitura sobre o déficit primário que indicou redução da relação dívida bruta/PIB a 75% – “resultados interessantes divulgados hoje e que passaram em branco, tendo em vista a preocupação com o que está acontecendo lá fora”.

“Com tantas incertezas sobre a China, inclusive a transparência das informações, é natural que o dólar fique estressado e a Bolsa realize (lucros), para que se volte a comprar depois com preço melhor – especialmente na véspera do fim de semana, quando muita coisa sempre pode acontecer”, diz Ari Santos, operador de renda variável da Commcor.

Por Luís Eduardo Leal

Be First to Comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *