A Petrobras afirmou que vai entregar ao Ministério Público do Trabalho (MPT) do Paraná, até sexta-feira, 31, toda documentação relacionada ao plano de hibernação da sua subsidiária Ansa. Ao Fafen-PR Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a procuradora do Trabalho do Paraná, Claudia Lopes, informou nesta quarta-feira, 29, ter recebido da empresa uma petição na qual a Petrobras informa que apresentará um plano de hibernação, mas não definitivo, no dia 31. O MPT reclama da falta de transparência da estatal na divulgação do seu plano de desligamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR).
Segundo ata da audiência realizada na última segunda-feira, à qual o Broadcast teve acesso, a procuradora do Trabalho, Patrícia Gaidex, reclamou da “ausência de informações que, inclusive, impede a continuidade do diálogo”. Ao Broadcast, a procuradora Claudia Lopes, que também participou da audiência, destacou ainda a preocupação com a destinação que a empresa dará a 4,3 mil toneladas de gás amônia, um produto tóxico, que exige um descarte especial, segundo especialistas.
Em resposta, a Petrobras, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que a hibernação da fábrica “está sendo feito com total segurança operacional e ambiental”. E que a amônia, um dos produtos finais da fábrica, está armazenada “com total segurança em tanque de estoques; e está sendo escoada para comercialização, em um processo que obedece a rigorosos padrões de segurança”. A empresa acrescentou ainda que “a paralisação da produção da fábrica reduz os riscos associados à produção, já que os principais equipamentos estão parados e os estoques estão em processo de redução”.
Luiz Pinguelli Rosa, professor de Planejamento Energético do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da UFRJ, afirmou que o descarte desse tipo de material merece especial atenção, por conta do seu potencial tóxico e de contaminação da população vizinha. Como publicado pelo Broadcast, ele lembrou o episódio com o césio-137, de 1987, em que pessoas desavisadas tiveram acesso a uma clínica desativada e abandonada e foram contaminadas. Rosa destacou ainda que o gás amônia não é radioativo como o cesio-137, mas é tóxico e pode ser fatal.
“Não há sentido técnico na comparação da amônia ao césio-137, como ocorreu na reportagem. A amônia é um insumo para várias indústrias, principalmente a alimentícia”, afirmou a Petrobras, em resposta ao Broadcast. Na nota, a empresa acrescentou ainda que “todos os produtos e insumos da fábrica serão devidamente destinados, cumprindo rigorosamente todas as exigências dos órgãos competentes. A gestão de resíduos também será tratada com total responsabilidade.”
Por Fernanda Nunes
Be First to Comment