A curva de juros doméstica encerrou a terça-feira, 28, em leve ‘desinclinação’, com os contratos de curto prazo sustentando o viés de alta visto desde a primeira etapa dos negócios, enquanto os de médio e longo prazos, que oscilavam perto dos ajustes na parte da manhã, tiveram alívio à tarde. A ligeira pressão sobre a ponta curta foi atribuída a uma correção da forte queda de ontem, mas que não alterou as apostas majoritárias de redução da Selic no Copom da semana que vem. Já os longos passaram a exibir recuo discreto a partir da menor aversão ao risco no exterior na etapa vespertina e com o dólar se firmando abaixo dos R$ 4,20.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 encerrou a etapa regular e a estendida em 4,335%, de 4,32% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 fechou a regular em 5,50% e a estendida em 5,47%, de 5,512% ontem. O DI para janeiro de 2025 terminou a regular com taxa na mínima de 6,21%, e fechou a estendida em nova mínima, de 6,17%, de 6,272% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 6,661% para 6,60% (regular) e 6,57% (estendida). A ponta longa encerrou a sessão regular nas mínimas, na medida em que o exterior melhorou, abrindo alguma oportunidade para quem queria aplicar. “Tem ainda o dólar em queda e o próprio efeito do trecho curto abrindo um pouco”, explicou a gestora de renda fixa da Mongeral Aegon Investimentos, Patricia Pereira.
As preocupações com os efeitos econômicos da disseminação do coronavírus, que já matou mais de 100 pessoas na China, não se dissiparam, com relatos de aumento de casos na França e confirmação do governo brasileiro de que o País tem um caso suspeito – o Ministério da Saúde classificou o vírus como ‘perigo iminente’. Porém, a tensão teve algum alívio após autoridades americanas afirmarem que não houve casos novos nos Estados Unidos, que seguem em cinco e sem evidências de transmissão em solo americano. Com isso, as bolsas ampliaram a alta e o dólar voltou a cair, permitindo também o recuo da ponta longa.
Internamente, a agenda de indicadores com potencial de influenciar as taxas foi fraca e mesmo a fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi absorvida sem maiores efeitos. Em evento do banco Credit Suisse, ele disse que o Banco Central olha o avanço do dólar sob os prismas das expectativas de inflação e se isso está contaminando outras variáveis de risco, mas que nenhuma destas variáveis por enquanto desperta preocupação.
Segundo Patricia, a desaceleração das pressões inflacionárias, sobretudo a provocada pela alta dos preços das carnes, tem sido mais rápida do que o esperado, o que está animando o mercado. “A expectativa é de que o movimento duraria no primeiro trimestre, mas a volta tem sido mais rápida, como indicou o IPCA-15 mais fraco em janeiro”, afirmou.
Por Denise Abarca
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