A Cielo (CIEL3) divulgou o resultado do quarto trimestre de 2019 e novamente ficou abaixo do esperado, sendo afetado pelo acirramento da competição no segmento de adquirentes de cartões. O volume financeiro negociado no quarto trimestre de 2019 atingiu R$ 190 bilhões, alta de 12,6% sobre o quarto trimestre de 2019.
Na comparação com o terceiro trimestre de 2019 a Cielo registrou evolução de 10,7%, quando registrou saldo de R$ 172 bilhões. A receita líquida da Cielo no quarto trimestre atingiu R$ 2,975 bilhões, queda de 1,2% em relação ao quarto trimestre de 2018.
O desempenho confirmou esforços de ampliação de pontos de clientes, o que foi confirmado pelo maior volume financeiro de transações. O saldo Ebitda foi de R$ 680 milhões no quatro trimestre de 2019 ficou negativo em 37,8% em relação ao saldo apresentado no quarto trimestre de 2018.
Em relatório, analistas da corretora Mirae Asset afirmam que a forte queda tem relação com a retração de aquisição de recebíveis e principalmente evolução de custos e despesas operacionais, com campanhas de marketing e reforço na contratação de pessoal para área comercial.
Neste ambiente a margem Ebitda caiu de 36,3% no quarto trimestre para 26% no terceiro trimestre de 2019, fechando o quarto trimestre de 2019 com 22,9%. Mesmo registrando melhora no resultado financeiro do período, a Cielo acabou contabilizando um lucro líquido de R$ 242 milhões, queda de 68% em relação ao quarto trimestre de 2018.
A piora do cenário de concorrência no setor e a redução de preços praticados levou a Cielo a mudar sua estratégia de competição, desde o final de 2018, passando a assumir uma postura mais agressiva, mesmo ao custo de redução de margens. A base ativa registrou 1,6 milhão de clientes, um aumento de 17,7% em relação ao quarto trimestre de 2018 e 4,6% em relação ao terceiro trimestre de 2019.
O acréscimo refere-se ao aumento dos clientes no segmento de microempreendedores e do avanço das ações de retenção da companhia, além de já refletir as melhorias no processo de atendimento ao cliente. Cabe destacar ainda que a base ativa mantém a mesma tendência de alta observada nos primeiros trimestres de 2019.
A empresa têm implementado uma agressiva estratégia de competição nos últimos trimestres, porém, acabou revisando seu modelo de negócio e passou também a oferecer uma nova plataforma, o Cielo Pay, em outubro de 2019.
Neste novo modelo, além de manter os serviços tradicionais de meios de pagamento, passou a oferecer a possibilidade do cliente abrir uma conta corrente 100% digital e sem tarifas, onde é possível pagar contas, realizar transferências para outras contas Cielo Pay, enviar TED para qualquer banco e realizar saques na rede Banco 24 horas.
Comprar ou vender?
A Mirae Asset manteve a recomendação neutra para as ações ordinárias da Cielo, ressaltando que por conta do cenário citado, a tendência é de que os números ainda venham pressionados nos próximos trimestres e isto se reflete no comportamento do preço da ação, que desvalorizou 16% no acumulado de 2020.
A ação apresenta um potencial de valorização de 12% e está sendo negociada a uma relação EV/Ebitda 2020 de 6,2x e PL20 de 11,5x.
Na teleconferência com os analistas, a Cielo citou que o ano de 2020 ainda será marcado por um ambiente de competição no setor de meios de pagamento, o que ainda pode representar risco de reprecificação de contratados.
No entanto, entende que a queda de margem para fornecedores das máquinas de transações foi tão grande nos dois últimos anos, que a tendência é o movimento perder força. Segundo a Cielo este mercado tinha três adquirentes em 2015 e hoje passa de 25 adquirentes e quase 300 subadquirentes. O desconto para atrair clientes era de 30% e hoje se situa em 70%.
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