O dólar teve o segundo dia seguido de queda nesta quinta-feira, 23, descolado de outras moedas emergentes. Operadores relatam que houve entrada de fluxo externo hoje, de captações externas, que já encostam em US$ 7 bilhões, e para aplicações na Bolsa, que superou nesta tarde os 119 mil pontos pela primeira vez, batendo novo recorde histórico. Com isso, o mercado doméstico passou ao largo do clima de cautela visto no exterior, com renovados temores sobre a disseminação do coronavírus, que primeiro foi visto na China e já atinge outros oito países. O dólar à vista fechou em queda de 0,21%, a R$ 4,1664.
O real foi a segunda divisa que mais ganhou valor ante o dólar no mercado internacional, em uma cesta de 34 divisas.
Profissionais das mesas de câmbio relatam ainda que a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, no Fórum Econômico Mundial em Davos, mostrando compromisso em andar com as reformas, também foi bem vista nas mesas de câmbio hoje. “Claramente no ano passado, o Brasil estava no inferno. Saímos do inferno e agora fomos recebidos aqui com muito reconhecimento”, disse o ministro a jornalistas hoje, relatando que durante encontros fechados com governos e empresas esteve “no centro das atenções”.
Para o gerente da mesa de Operações BMF da Planner Corretora, Marcio Simões Rodrigues, inicialmente o IPCA-15 mais pressionado deu um pouco de alívio no câmbio, pois reforçou a visão no mercado de câmbio de que os juros poderiam ser mantidos em 4,50% pelo Banco Central. Além disso, um movimento de fluxo e notícias da participação de Guedes em Davos ajudaram o real a andar na contramão de outras moedas hoje. Na avaliação de Rodrigues, o dólar pode testar níveis mais baixos nos próximos dias, mais perto dos R$ 4,10, especialmente na semana que vem, com o vencimento do referencial Ptax de janeiro.
O ambiente político doméstico, na avaliação do Banco Mizuho hoje, parece mais estável que no passado recente, sugerindo espaço para aprovar as reformas liberais de Guedes. Além disso, a popularidade de Jair Bolsonaro aumentou recentemente, o que abre espaço para otimismo com o avanço da agenda. O banco prevê que o dólar deve encerrar o ano em R$ 4,00.
Declarações da Organização Mundial da Saúde (OMS) na tarde de hoje também ajudaram a reduzir o clima de aversão ao risco no mercado. A instituição informou que ainda não há evidência de transmissão do coronavírus por contato humano fora da China. A avaliação da consultoria inglesa Capital Economics é que é pouco provável que o coronavírus tenha impacto relevante no crescimento da economia mundial. O dólar, porém, ganhou força ante divisas fortes e emergentes. A moeda americana subiu 0,87% na Colômbia, que passa por nova onda de manifestações, 0,68% no Chile e 0,48% na África do Sul.
Por Altamiro Silva Junior
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