O governo dos Estados Unidos decidiu pedir que o Brasil ganhe prioridade na fila de países que tentam entrar como membros na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A posição será formalizada nesta quarta-feira, 15, em reunião do conselho da OCDE com representantes dos países-membros, em Paris, segundo fontes envolvidas nas tratativas.
Até hoje, o governo de Donald Trump vinha se comprometendo com o apoio ao pleito brasileiro de entrar na OCDE, sem indicar, porém, formalmente que posição o Brasil ocuparia na “fila” de candidatos. Isso deixava o País no limbo.
A mudança ocorre depois de um ano em que o governo Bolsonaro mostrou alinhamento com os americanos, apesar de viver percalços na relação com a Casa Branca, e depois de o Itamaraty ter apoiado a ação americana no Iraque contra o Irã.
Nota divulgada pela Embaixada dos EUA em Brasília e por um porta-voz do Departamento de Estado americano afirma que “os EUA querem que o Brasil seja o próximo país a começar o processo de adesão para a OCDE”. “Nossa decisão de priorizar a candidatura do Brasil agora como próximo país a começar o processo é uma evolução natural do compromisso assumido pelo Secretário de Estado e pelo presidente Trump em 2019”, diz a nota.
A decisão dos EUA de dar prioridade ao Brasil na OCDE foi inicialmente divulgada no site da revista Época e confirmada pelo jornal O Estado de S. Paulo.
A promessa de que os EUA apoiariam o pleito brasileiro de entrada na OCDE foi feita em março, durante a visita do presidente Jair Bolsonaro a Trump, na Casa Branca. Em agosto, no entanto, a agência Bloomberg revelou que o secretário de Estado, Mike Pompeo, enviara carta à organização na qual manifestou o apoio dos EUA à entrada da Argentina e da Romênia, sem menção ao Brasil. A posição americana frustrou o governo brasileiro na época.
Agora, os americanos afirmam que, “apesar de desejarem que o Brasil seja o próximo país a começar o processo de acesso, mantêm apoio às aspirações de entrada de Argentina e Peru e esperam que eles continuem a adotar padrões e melhores práticas da OCDE”, segundo porta-voz do Departamento de Estado.
Os EUA têm defendido um plano lento de expansão do organismo, contrário ao cronograma defendido pelos europeus que abarcaria plano de adesão dos seis candidatos atuais. Depois da divulgação da carta de Pompeo, o secretário de Estado e Trump reiteraram o apoio ao Brasil, mas novamente sem se comprometer com prazos. Em outubro, o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, disse em entrevista ao Estado que o obstáculo à adesão do Brasil era a posição dos Estados Unidos.
Desde então, o Itamaraty vem cobrando que os americanos somem às declarações de apoio à entrada do País na OCDE um cronograma claro de adesão. No fim do ano passado, diplomatas brasileiros receberam um aceno dos americanos de que o País teria boas notícias sobre a questão da OCDE.
Já se especulava, dentro do governo brasileiro, que o processo de adesão da Argentina poderia perder força. A avaliação é que o governo eleito ano passado, de Alberto Fernández, já não prioriza a entrada na OCDE como fazia o governo de Mauricio Macri. Isso quase anula o desgaste dos EUA com os argentinos ao passar o Brasil na frente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Beatriz Bulla, correspondente, e Julia Lindner
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