Um boletim de ocorrência por ameaça de morte foi registrado na Polícia Militar de Minas Gerais, em 19 de dezembro, por um supervisor da cervejaria Backer contra um funcionário demitido da empresa na manhã daquele dia. Os envolvidos são citados no relato de ameaça como “cervejeiros”. A Polícia Civil não confirmou que o atrito possa estar ligado à suposta contaminação da marca de cerveja Belorizontina pela substância dietilenoglicol, mas informou não descartar nenhuma linha de investigação.
Uma pessoa morreu e nove seguem internadas em hospitais da capital e região metropolitana com suspeita de terem bebido a cerveja. Todas apresentaram quadro de insuficiência renal e problemas neurológicos. Segundo as autoridades de saúde, os registros dos casos na rede de saúde do Estado também começaram em 19 de dezembro.
O boletim de ocorrência indica que havia histórico de divergências entre os dois funcionários da cervejaria. À polícia, o cervejeiro apontado como vítima afirmou que ao ser informado da demissão, o outro cervejeiro “ficou muito nervoso e agressivo, sendo necessário ser contido por demais funcionários”. Disse, ainda, que o funcionário o ameaçou de morte e “acusou o solicitante (o cervejeiro que acionou a polícia) de ser o responsável pelo desligamento”.
Embora o boletim de ocorrência tenha sido registrado, a polícia informou que o cervejeiro não fez representação contra o colega demitido – o que é exigido em determinados tipos de crime, como o de ameaça, para que a investigação prossiga. A representação por ameaça pode ser feita até seis meses após a ocorrência.
O delegado responsável pelo caso, Flávio Grossi, afirma apenas que a PC não descarta nenhuma linha de investigação.
Na quinta-feira, 10, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, fechou a fábrica da Backer, que fica no bairro Olhos D’Água, Região Oeste de Belo Horizonte. A alegação foi de “risco iminente à saúde pública”. A pasta informou que a medida tem caráter “cautelar” e que “foram determinadas ações de fiscalização para a apreensão dos produtos que ainda se encontram no mercado”.
Backer nega que substância faça parte do processo de produção
A reportagem entrou em contato com a Backer para posicionamento sobre o boletim de ocorrência e aguarda retorno. A empresa nega que o dietilenoglicol faça parte do seu processo de produção de cerveja. A substância, no caso de cervejarias, pode ser usada no resfriamento de serpentinas e tanques. No sábado, 11, a empresa contestou o laudo da Polícia Civil que indica a presença da substância em garrafas.
Segundo o advogado da Backer, Estevão Nejm, não há um laudo pericial conclusivo sobre a existência do dietilenoglicol na bebida consumida pelas vítimas. O representante da empresa afirma ter sido feito até o momento uma análise preliminar. A Polícia Civil afirma que o laudo é conclusivo.
Neste domingo, 12, A corporação informou que peritos do Instituto de Criminalística seguem realizando amostras de cerveja produzida pela Backer, inclusive de material que foi recolhido na fábrica. Até o momento foi confirmada a presença do dietilenoglicol no sangue de três pessoas que passaram mal supostamente após ingerir a Belorizontina. Nesses casos, as amostras foram coletadas nas garrafas da cerveja que as vítimas teriam bebido em casa.
A Polícia Civil disse ainda que desde o momento em que foi tomado conhecimento dos problemas de saúde das supostas vítimas, “foram instauradas diligências preliminares (que subsidiam a decisão da autoridade instaurar ou não um inquérito)”.
Por Leonardo Auguesto, especial para a AE
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