O mercado brasileiro de caminhões continuará aquecido neste ano e deve crescer 18%, para 120 mil unidades, segundo projetam as fabricantes. Será o quarto ano seguido de alta nas vendas, após o setor registrar seu pior momento em 17 anos, com 50,6 mil veículos vendidos em 2016, em plena crise econômica.
“Este ano será a consolidação da retomada”, afirma Roberto Cortes, presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO). Também será um ano de importantes novidades, como o início da produção do primeiro caminhão elétrico e do primeiro veículo sem retrovisores.
Em 2019, foram vendidos 101,3 mil caminhões, alta de 33% ante o ano anterior. “Nossa previsão era vender 2 mil unidades a mais, mas mesmo assim foi um crescimento robusto, o dobro do que vendemos em 2016”, diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes.
O aumento esperado para 2020, embora menor que o do ano passado, anima as empresas que já venderam 172,8 mil caminhões em 2011, o recorde do setor. “Acreditamos que as renovações de frota acontecerão numa velocidade maior e num tempo menor neste ano, o que manterá as vendas aquecidas no País”, diz Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz.
Cortes, da Volkswagen, ressalta que a indústria de caminhões é um termômetro da economia e sua crescente recuperação afeta diretamente o mercado. Ele vê vários motivos para o ambiente favorável deste ano, entre os quais os indicadores econômicos positivos (PIB de 2,5%, juro baixo e continuidade de reformas), retomada de investimentos em infraestrutura e na construção civil e renovação de frota.
“Muitos frotistas que deixaram de trocar de caminhões na crise vão voltar a comprar”, prevê Cortes. Segundo ele, a idade média dos veículos de grandes frotistas normalmente é de três a cinco anos. “Hoje essa idade está entre sete e oito anos, o que é ruim, pois desvaloriza o ativo das empresas.”
Já um programa de renovação oficial de frota, reivindicado pelo setor há vários anos e que envolve ações do governo, como incentivo à troca por veículos mais novos, “depende de outros fatores, inclusive políticos”.
A produção de caminhões cresceu menos que as vendas – 7,5%, com 113,5 mil unidades – em razão da queda de 45% na exportação e do fechamento da Ford no ABC paulista. Por seis meses, o grupo brasileiro Caoa negociou a compra da fábrica mas, o negócio não foi adiante. No fim do ano, o grupo chinês BYD foi citado como interessado, mas ainda não confirmou a informação.
Pesados
Ao contrário dos últimos anos, cujas vendas foram puxadas pelo segmento de caminhões grandes, usados na mineração e no transporte de grãos, o setor aposta que este ano haverá reação também nas demais categorias, como a de caminhões médios e pequenos para transporte geral de mercadorias.
As vendas de pesados em 2019 cresceram 48,7% (51,7 mil unidades), enquanto as de semipesados e médios aumentaram 30% (23,3 mil e 10 mil). O pequenos registraram queda de 2,6% (11,2 mil).
Voltadas ao mercado de caminhões de grande porte, a Volvo e a Scania registram maiores altas de vendas, de 58,3% (16,8 mil unidades) e 47,6% (12,7 mil). A líder Mercedes cresceu 41,6% (29,5 mil) e a VWCO, 32% (26,7 mil), segundo a Anfavea, que contabiliza veículos com capacidade a partir de 3,5 toneladas de carga. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Cleide Silva
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