A admissão do Irã de que suas forças armadas derrubaram um avião comercial ucraniano parecia ter a intenção de acalmar as críticas num momento de tensões internacionais altas e agitação doméstica. No entanto, o resultado foi a indignação de iranianos com os líderes do país. Forças de seguranças em Teerã usaram gás lacrimogêneo para dispersar centenas de pessoas que foram às ruas como protesto contra o Exército, que no sábado reconheceu que abateu o avião por engano, aumentando a crise do país.
Alguns iranianos culparam seus líderes por incompetência e por mentiras nos três primeiros dias depois da queda, quando o país negou afirmações de que a aeronave havia sido atingida por um míssil iraniano, matando 176 pessoas. Centenas se reuniram na Universidade Amirkabir, na capital, onde alguns jovens homens retiraram pôsteres de Qassim Suleimani, o influente general que foi morto em um ataque norte-americano de drone em Bagdá na semana passada.
“Eles fazem um carnaval de três dias por uma pessoa, mas mentem sobre 176 pessoas por três dias”, afirmou um jovem manifestante, se referindo às procissões por Suleimani. “Nós estávamos aqui para o luto, mas agora estamos cheios de raiva e ódio.”
A última semana marcou uma mudança na sorte da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, que desde o ano passado tem sido elogiada domesticamente por atingir os adversários do Irã com uma precisão que surpreendeu muitos observadores.
A rejeição doméstica sugere que parte do sentimento de unidade causado pelo luto pela morte de Suleimani já estava se dissipando. Alguns iranianos em redes sociais questionaram afirmações da mídia estatal de que o líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, maior autoridade iraniana em todos os assuntos de Estado importantes, tinha sido informado da verdade apenas na sexta-feira, dois dias após a queda do avião.
Por Dow Jones Newswires
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