(Atualizada às 19h15)
As ações da Petrobras (PETR4, PETR3) despencaram 20% nesta segunda-feira (22) na B3, pressionando o Ibovespa, na esteira de revisões para baixo nas perspectivas para a estatal petrolífera após mais um episódio de ingerência do governo, desta vez colocando em xeque a credibilidade da agenda liberal da gestão Jair Bolsonaro.
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Na sexta-feira (19), após o fechamento do mercado, o governo anunciou a indicação do general Joaquim de Silva e Luna, atual diretor-geral da Usina Hidrelétrica de Itaipu e que também ocupou o cargo Ministro da Defesa durante o governo Temer, para substituir Roberto Castello Branco no cargo de presidente da Petrobras. A decisão veio após críticas de Bolsonaro a Castello Branco devido aos reajustes de preços de combustíveis vendidos nas refinarias da estatal, que acompanham a alta do petróleo.
Para analistas, o desejo do presidente Jair Bolsonaro em trocar Castello Branco em meio à insatisfação com a política de preços da estatal mancha a agenda liberal que ajudou a eleger o governo, lembrando capítulos de ingerência protagonizados por Dilma Rousseff.
No sábado (20), Bolsonaro chegou a dizer que mais mudanças virão nesta semana no setor de energia, enquanto circula a informação de que a alta administração da Petrobras está considerando renunciar em massa para protestar contra a substituição do CEO.
Recomendações
Com a Petrobras mais sensível ao noticiário de ingerência política em vez da evolução dos preços do petróleo, a equipe de análise da XP Investimentos decidiu rebaixar para “venda” a recomendação das ações da Petrobras: “não há mais como defender”.
A equipe do BTG Pactual também rebaixou a indicação aos papéis da companhia. Para os analistas o banco, as incertezas vão além da política de preços de combustíveis, com as eleições também no radar. Dúvidas em aberto neste momento, segundo eles, vão desde o processo de redução do endividamento até o programa de desinvestimentos com venda de refinarias – afastando potenciais compradores ou diminuindo os preços dos ativos.
Já o time de análise do Goldman Sachs manteve a recomendação de “compra” para as ações da Petrobras, destacando o valuation atrativo, mas reconhecendo que os riscos aumentaram devido ao embate contra a política de preços da empresa. E, considerando o histórico de ingerência ao longo da década, “o mercado pode não estar disposto a dar à Petrobras o benefício da dúvida no curto prazo até que potenciais mudanças sejam melhor entendidas”.
Conselho
O conselho de administração da Petrobras, que tem a responsabilidade de nomear do presidente da companhia, se reúne na terça-feira (23).
De acordo com jornais, a gestora de recursos britânica Aberdeen já encaminhou carta ao conselho da estatal pedindo independência no processo de decisão sobre o novo presidente.
Ações
Ao fim do dia na B3, as ações preferenciais da Petrobras fecharam em baixa 21,51%, cotadas a R$ 21,45, enquanto os papéis ordinários perderam 20,84%, a R$ 21,55.
O Ibovespa, por sua vez, terminou o dia em queda de 4,87%, aos 112.667 pontos.
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