Uma estudante iraniana foi presa depois de aparecer em frente à universidade usando apenas roupas íntimas em protesto contra o código de vestimenta do Irã, que obriga o uso do hijab. Segundo relatos, ela teria sido assediada pelas forças de segurança da Universidade Islâmica Azad de Teerã por não usar o véu, o que motivou a manifestação.
A Anistia Internacional no Irã pediu a liberação imediata da estudante, detida no sábado, 2. A entidade afirma que ela foi presa, de forma violenta, depois de tirar a roupa no protesto contra a aplicação abusiva da lei que obriga o uso do véu por parte dos agentes da Universidade.
“Enquanto aguarda sua libertação, as autoridades devem protegê-la contra tortura e outros maus-tratos e garantir o acesso à família e a um advogado. As alegações de espancamento e violência sexual contra ela durante a prisão precisam de investigações independentes e imparciais. Os responsáveis devem ser responsabilizados”, cobrou a Anistia Internacional.
Os estudantes da universidade relataram em aplicativos de mensagens que a estudante foi assediada e teve as roupas rasgadas pelas forças de segurança da universidade por não usar o véu. Depois do protesto, ela teria sido agredida fisicamente e presa.
O diretor de Relações Públicas da universidade, Amir Mahjoub, negou que tenha havido confronto com os seguranças da instituição e alega que a jovem teria transtornos mentais. Ele confirma, no entanto, que ela foi entregue à polícia.
Na mesma linha, a agência estatal Fars, ligada ao regime iraniano, disse que os seguranças falaram “calmamente” com a estudante, que teria se despido após receber a orientação para obedecer ao código de vestimenta, e negou que ela tivesse sido agredida.
A relatora especial da ONU no Irã, Mai Sato, disse que vai monitorar o caso e a resposta das autoridades iranianas de perto.
Nas redes sociais, o protesto foi celebrado como ato de coragem diante da repressão do regime em mensagens a estudante. A ganhadora do prêmio Nobel da paz, Narges Mohammadi, pediu a liberação da estudante e o fim da repressão contra as mulheres iranianas em declaração da prisão, de acordo com o Iran International. A ativista está presa há três anos por se opor ao uso do véu e lutar contra a opressão do regime.
A repressão às mulheres no Irã se intensificou após a onda de protestos que atingiu o país, em revolta contra a morte da estudante Mahsa Amini em setembro de 2022. Ela estava sob a custódia da polícia da moral do Irã por uso incorreto do véu e virou símbolo da opressão da teocracia iraniana.
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