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Brasil, EUA e UE têm alta de casos de antissemitismo e islamofobia

Centenas de pessoas protestaram e tentaram correr atrás de passageiros judeus que desembarcaram em Makhachkala, na Rússia, no dia 28. Em Berlim, casas de judeus foram pichadas. Nos EUA, o garoto palestino Wadea al-Fayoume, de 6 anos, foi assassinado com 26 facadas. No Brasil, um casal de refugiados afegãos foi acusado de fazer parte do Hamas.

Desde o ataque terrorista do Hamas contra Israel, dia 7 de outubro, e a resposta israelense na Faixa de Gaza, casos de antissemitismo e islamofobia cresceram em diversas partes do mundo. Os ataques incluem ameaças, assédio verbal, intimidação e agressões físicas.

No Brasil, o aumento dos casos de antissemitismo é de 1.200%, segundo a Confederação Israelita do Brasil (Conib). O País tem a segunda maior comunidade judaica da América Latina, com 120 mil judeus, mas tem registrado casos como o de cartazes colocados no Rio de Janeiro com a frase: “Judeu, câncer do mundo”. As denúncias são registradas em um canal aberto pela Conib e enviadas para a polícia e o Ministério Público.

ISLAMOFOBIA. O mesmo acontece contra muçulmanos, uma comunidade de 800 mil a 1,5 milhão de pessoas no País, segundo a Federação das Associações Muçulmanas no Brasil (Fambras). Casos de preconceito foram registrados sobretudo em São Paulo, onde a comunidade de refugiados de origem islâmica é maior. No bairro do Bom Retiro, centro da capital paulista, um casal de refugiados afegãos foi chamado de terrorista e de militantes do Hamas por estar usando vestes islâmicas.

Segundo analistas, a alta está relacionada a um preconceito enraizado contra as duas comunidades em diversas sociedades. “Costumo dizer que quando vemos uma onda de racismo desencadeada por um fato específico, isso é sinal de que o racismo estava ali antes”, declarou Michel Gherman, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e assessor acadêmico do Instituto Brasil Israel (IBI).

ANTISSEMITISMO. Nos EUA, os casos de antissemitismo cresceram 400%, enquanto ataques contra muçulmanos chegaram ao maior número registrado desde 2015. Mais de 770 queixas foram registradas pelo Conselho de Relações Islâmico-Americanas (Cair).

As hostilidades têm crescido também no ambiente acadêmico e despertaram a atenção da Casa Branca, que emitiu um comunicado confirmando o “aumento alarmante” de ataques antissemitas em escolas e universidades. Na Universidade de Cornell, uma das mais prestigiadas dos EUA, ameaças de mortes contra judeus foram publicadas na internet após o dia 7.

EUROPA. Em países europeus, os relatos de antissemitismo e islamofobia são constantes desde antes da guerra, mas se agravaram após o dia 7. A França registrou 588 atos antissemitas após o início do conflito, resultando em 336 pessoas presas.

Na Alemanha, houve o registro de 202 ataques antissemitas. Em ambos países, pichações de estrelas de Davi em apartamentos e comércios judaicos, comuns durante o Terceiro Reich, se multiplicaram. Em Londres, 174 crimes de islamofobia foram registrados entre o dia 7 e o dia 28 de outubro, ante 65 do ano passado.

Para Natalia Nahas, doutora em ciência política e pesquisadora do Núcleo de Trabalho do Oriente Médio e Mundo Muçulmano da USP, os crimes de ódio não contribuem para que ocorra um entendimento do que está acontecendo no Oriente Médio. “Não ajudam em uma maior compreensão das violações de direitos humanos e nem em uma solução negociada. Preocupa que essas linhas continuem a serem ultrapassadas”, declarou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Daniel Gateno

Estadão Conteúdo

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