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Dinâmica política está mais normal no Brasil, diz vice-presidente da Moody’s

A vice-presidente da Moody’s para risco soberano, Samar Maziad, considera que a política, frequentemente instável no País, deixou de ser um grande risco no Brasil, o que diminui a possibilidade de guinadas na política econômica e reversão de reformas feitas nos últimos anos.

“Algumas medidas podem ser aprovadas no Legislativo, algumas medidas podem não ser aprovadas. Mas, em geral, não vemos como um grande risco porque vemos uma coalizão mais construtiva entre o governo e partidos de centro”, disse Samar ao responder a uma questão sobre o ambiente político no Brasil em entrevista a jornalistas.

Em relatório divulgado nesta tarde, a agência de classificação de risco ponderou que, embora o governo tenha desenvolvido uma relação de trabalho eficaz com o Congresso, a polarização política continua sendo um risco que pode ganhar força e interromper a implementação de políticas de forma esporádica.

Apesar disso, na entrevista concedida a jornalistas após evento promovido pela agência em São Paulo, Samar pontuou que há atualmente consenso político em torno da reforma tributária, importante para melhorar a produtividade e o potencial de crescimento do País. Disse ver também uma normalização nas relações entre Executivo e Legislativo. “Claro que isso não significa que toda medida será aprovada, mas é uma dinâmica política mais normal”, afirmou a analista sênior da Moodys.

A agência, comentou Samar, aguarda avanços do Brasil na consolidação fiscal para se movimentar na direção de uma melhora da nota de crédito soberano. No momento, a nota do Brasil pela Moodys tem perspectiva estável, uma indicação de que a agência não pretende mudar no curto prazo o rating, que está, desde 2016, a dois degraus do grau de investimento.

O Brasil deve crescer um pouco mais do que antes da pandemia – as projeções da Moodys são de crescimento em torno de 2% ao ano em 2024 e 2025. Ainda assim, observa Samar, não será um crescimento robusto, o que levanta dúvidas sobre a entrega das metas do arcabouço fiscal, dependentes, até aqui, da dinâmica de crescimento, além da aprovação de medidas encaminhadas pelo governo ao Congresso para aumentar suas receitas.

Assim, para rever o cenário traçado para o Brasil, a agência quer estar mais segura quanto ao compromisso do governo com a responsabilidade na gestão das contas públicas. Depois disso, explicou Samar ao indicar o longo caminho para uma melhora na classificação do risco de crédito do Brasil, a Moodys ainda vai aguardar os resultados do novo marco fiscal.

Por Eduardo Laguna

Estadão Conteúdo

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