Uma delegação da ONU chegou a Nagorno-Karabakh no domingo, 1º, para monitorar a situação da região separatista e avaliar as necessidades humanitárias. A missão é a primeira da organização na região em três décadas, devido à “situação geopolítica muito complicada e delicada”, disse o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.
Na sexta-feira, 29, a União Europeia reivindicou que uma missão da ONU se deslocasse para Nagorno-Karabakh “nos próximos dias”, ante ao “êxodo em massa” de armênios que fogem deste enclave após a operação militar no Azerbaijão.
No domingo, porém, o dia em que a delegação chegou ao território, o secretário de imprensa presidencial da Arménia, Nazeli Baghdasaryan, informou que 100.483 pessoas já tinham chegado à Armênia vindas de Nagorno-Karabakh, que tinha uma população de cerca de 120 mil habitantes antes da ofensiva do Azerbaijão.
Esta é a primeira vez em 30 anos que a organização internacional tem acesso à região, controlada por separatistas armênios até sua rendição em 20 de setembro. As autoridades locais consideraram a visita uma formalidade. Hunan Tadevosyan, porta-voz dos serviços de emergência de Nagorno-Karabakh, disse que os representantes da ONU chegaram tarde demais e que o número de civis restantes na capital regional de Stepanakert poderia ser “contado nos dedos de uma mão”.
“Fiz o trabalho voluntário. As pessoas que ficaram abrigadas nos porões, mesmo pessoas que estavam mentalmente doentes e não entendiam o que estava acontecendo, eu as coloquei em ônibus com minhas próprias mãos e as tiramos de Stepanakert”, disse Tadevosyan ao canal armênio News.am. “Andamos por toda a cidade, mas não encontramos ninguém. Não sobrou população em geral”, disse ele.
A ministra da Saúde arménia, Anahit Avanesyan, disse que algumas pessoas, incluindo idosos, morreram durante a viagem para a Armênia porque estavam “exaustas devido à desnutrição, ficaram sem sequer levar medicamentos e estiveram na estrada durante mais de 40 horas”.
O primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, alegou quinta-feira que o êxodo de arménios étnicos de Nagorno-Karabakh equivalia a “um ato directo de limpeza étnica e de privação das pessoas da sua pátria”. O Ministério das Relações Exteriores do Azerbaijão rejeitou veementemente as acusações de Pashinyan, dizendo que a saída dos armênios foi “uma decisão pessoal e individual deles e não tem nada a ver com a realocação forçada”.
Mandado de prisão para ex-líder separatista
Enquanto a missão chegava na região, o procurador-geral do Azerbaijão emitiu um mandado de prisão para o ex-líder de Nagorno-Karabakh, Arayik Harutyunyan. Harutyunyan e o ex-comandante militar do enclave, Jalal Harutyunyan, são acusados de disparar mísseis contra a terceira maior cidade do Azerbaijão, Ganja, durante uma guerra de 44 dias no final de 2020, informou a mídia local. O confronto entre o confronto militar do Azerbaijão e as forças de Nagorno Karabakh levou ao envio de forças de paz russas para a região.
Harutyunyan liderou a região separatista, que é internacionalmente reconhecida como parte do Azerbaijão, mas era largamente povoada por arménios étnicos, entre maio de 2020 e o início de setembro. Na semana passada, o governo separatista disse que se dissolveria até ao final de 2023, após uma tentativa de independência de três décadas.
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