O Banco Central (BC) reduziu sua estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, de 2,1% para 1,00%. A nova estimativa consta no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira. “Surpresas negativas em dados recentemente divulgados – que sugerem perda de dinamismo da atividade e reduzem o carregamento estatístico para o ano seguinte -, novas elevações da inflação, parcialmente associadas a choques de oferta, e aumento no risco fiscal pioram os prognósticos para a evolução da atividade econômica no próximo ano”, explicou o documento.
Pelo lado da oferta, o BC alterou a estimativa para a expansão da agropecuária de 3,0% para 5,00%. Por outro lado, a revisão para a indústria passou de crescimento de 1,2% para retração de 1,3%. No caso dos serviços, o BC mudou a previsão de alta de 2,5% para 1,3%.
Em relação aos componentes da demanda, o RTI informou alteração de 2,2% para 1,1% na expectativa de crescimento do consumo das famílias e de 2,5% para 2,4% previsão de alta do consumo do governo.
O documento de hoje indica ainda que a projeção de 2022 para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – indicador que mede o volume de investimento produtivo na economia – passou de queda de 0,5% para um forte recuo de 3,0%. Todas as estimativas anteriores constavam do RTI divulgado em setembro.
2021
O relatório de dezembro também atualizou as projeções da autoridade monetária para o PIB de 2021. A expectativa para o crescimento da economia este ano passou de alta de 4,7% para avanço de 4,4%.
Entre os componentes do PIB para 2021, o BC alterou a projeção para a agropecuária de crescimento de 2,0% para retração de 0,6%. No caso da indústria, a estimativa de recuperação passou de 4,7% para 4,1% e, para o setor de serviços, de alta de 4,7% para 4,6%.
“O declínio esperado na agropecuária em 2021 resulta, em especial, de estimativas de quedas na produção em culturas com participação elevada no setor – como milho, cana-de-açúcar, café, algodão e laranja – decorrentes primordialmente de problemas climáticos, não compensadas inteiramente pela safra recorde de soja”, destacou o BC.
Do lado da demanda, o Banco Central alterou a estimativa do consumo das famílias de alta de 3,3% para 3,4% em 2021. No caso do consumo do governo, o porcentual projetado foi de 0,9% para 1,8%. Para FBCF, a expectativa passou de 16,0% para 16,8%.
No último relatório Focus, os economistas consultados semanalmente pelo BC projetaram alta de 4,65% no PIB de 2021 e de 0,50% no PIB de 2022.
Transações correntes
O Banco Central atualizou por meio do RTI suas projeções para o balanço de pagamentos em 2021. A projeção para o resultado das transações correntes do País passou de déficit de US$ 21 bilhões para US$ 30 bilhões. A estimativa anterior constou no RTI de setembro. Já a projeção para o Investimento Direto no País (IDP) neste ano foi de US$ 55 bilhões para US$ 52 bilhões.
Conforme o RTI publicado hoje, a estimativa para o saldo líquido de investimento de estrangeiros em carteira – incluindo ações e títulos de renda fixa – continuou em superávit de US$ 21 bilhões.
Houve também atualização das estimativas do BC para 2022. Para as transações correntes, a previsão passou de déficit de US$ 14 bilhões para US$ 21 bilhões. Em relação ao IDP, a mudança foi de US$ 60 bilhões para US$ 55 bilhões. Já a projeção do BC para os investimentos em portfólio em 2022 passou de ganho de superávit de US$ 23 bilhões para US$ 11 bilhões.
O Banco Central informou, ainda, que as estimativas apresentadas no RTI agora divulgado tiveram data de corte no dia 3 de dezembro deste ano.
Saldo de crédito
O Banco Central promoveu ajustes em suas projeções para o mercado de crédito em 2021. A instituição alterou, no Relatório Trimestral de Inflação), sua projeção para o saldo total de crédito este ano de alta de 12,6% para elevação de 14,6%.
Dentro do crédito total, a projeção do saldo de operações com pessoas físicas neste ano passou de alta de 16,2% para elevação de 18,6%. No caso das empresas, a expectativa foi de alta de 8,0% para 9,6%.
Já a projeção para o saldo de crédito livre – aquele que não utiliza recursos da poupança ou do BNDES – passou de alta de 15,7% para elevação de 17,7% em 2021. Dentro do crédito livre, a projeção para o crédito às pessoas físicas foi de alta de 18,0% para alta de 20,0%. No caso das pessoas jurídicas, passou de elevação de 13,0% para avanço de 15,0%.
A projeção do BC para o saldo de crédito direcionado, que utiliza recursos da poupança e do BNDES, passou de alta de 8,3% para 10,5% neste ano. Dentro do crédito direcionado, a projeção do saldo para as pessoas físicas foi de alta de 14,0% para avanço de 17,0%. No caso das pessoas jurídicas, a projeção passou de estabilidade (zero) para alta de 1,0%.
O BC também revisou as projeções para 2022. Para a carteira total, a previsão passou de crescimento de 8,5% para 9,4%. A perspectiva dos financiamentos para pessoas físicas foi alterada de alta de 11,1% para 11,7% e, para as pessoas jurídicas, de elevação de 5,0% para 6,3%.
No crédito livre, a previsão de crescimento em 2022 passou de 11,1% para 12,5%. A alta para famílias foi revisada de 12,0% para 13,0% e, para empresas, de 10,0% para 12,0%.
No crédito direcionado, a estimativa de avanço se manteve em 4,8%, sendo que, para pessoas físicas, continuou em alta de 10%. No caso das pessoas jurídicas, a projeção seguiu em queda de 4,0%.
Por Eduardo Rodrigues e Thaís Barcellos
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