Os juros futuros confirmaram no fechamento dos negócios o movimento já visto desde manhã, com taxas curtas em alta e as longas em baixa, mas reduzindo o ritmo depois das máximas renovadas pelos retornos dos Treasuries no meio da tarde. O mercado operou já de olho na decisão do Copom na quarta-feira, quando a Selic deverá subir para 9,25%; no clima de apetite ao risco no exterior com a redução dos temores sobre a variante ômicron; e na movimentação em Brasília em relação à PEC dos Precatórios.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) fechou a 11,39% (regular) e 11,395% (estendida), de 11,324% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 encerrou a 10,91% (regular) e 10,95% (estendida), de 10,894%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,94% (regular) e 10,99% (estendida), de 10,963%.
A trajetória altista da ponta curta nesta segunda-feira reverte a tendência vista na semana passada, de alívio de prêmios em função da redução das apostas num Copom mais agressivo, por sua vez, amparada nos dados fracos da atividade, na melhora do risco fiscal com a aprovação da PEC dos Precatórios e no risco desinflacionário da cepa ômicron. Ontem, porém, o conselheiro da Casa Branca para infectologia, Anthony Fauci, disse que a variante não parece ter um grande grau de severidade, ponderando que ainda é cedo para conclusões definitivas. Com isso, o apetite ao risco o exterior cresceu, recolocando a taxa da T-note de dez anos perto de 1,44%, reforçando o cenário de aperto monetário pelo Federal Reserve.
A expectativa de elevação da Selic em 1,5 ponto porcentual segue sendo consenso no mercado. Mas, como é uma praticamente uma aposta de graça, às vésperas da reunião é natural que o investidor busque por alguma aposta alternativa que, nesse caso, seria de um aperto maior. “As medianas da Focus vêm subindo há muitas semanas e o Top 5 está horroroso, então se houver surpresa é para mais, não para menos”, explicou a estrategista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira.
No Boletim Focus desta segunda, a mediana para o IPCA do ano que vem rompeu formalmente o teto da meta de inflação, ainda que de forma marginal, passando de 5,0% para 5,02%. Para o IPCA em 2023 subiu de 3,42% para 3,50%, enquanto, para 2024, a mediana continuou em 3,10%.
Outro fator negativo para as expectativas foi a negativa da Petrobras em relação a cortes nos preços de combustíveis no curto prazo, algo que vinha no radar do mercado em função da redução da defasagem ante as cotações internacionais e que ganhou destaque após o presidente Jair Bolsonaro dizer ontem que a companhia começará a partir desta semana a anunciar a diminuição no preço. “A Petrobras não antecipa decisões de reajuste e reforça que não há nenhuma decisão tomada por seu Grupo Executivo de Mercado e Preços (GEMP) que ainda não tenha sido anunciada ao mercado”, afirmou a empresa, em nota. Somado a isso, os preços do petróleo hoje saltaram mais de 5%.
Por Denise Abarca
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