Os juros futuros tiveram sessão de queda firme, amparada no otimismo em relação à aprovação da PEC dos Precatórios na Câmara ainda hoje na Câmara. Algumas taxas da ponta longa chegaram a fechar mais de 30 pontos-base, na medida em que os destaques ao texto iam sendo derrubados durante a tarde, abrindo caminho à votação do segundo turno em si. Em meio ao sinais do Banco Central de que pode ser agressivo no aperto monetário e em véspera de divulgação do IPCA de outubro, os juros de curto prazo recuaram com menos força. E, com o foco do mercado voltado totalmente a Brasília, o exterior ficou hoje em segundo plano.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou em 12,135% a sessão regular, e em 12,155% a estendida, de 12,226% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 fechou em 11,85% (regular) e 11,86% (estendida), de 12,166% no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 12,023% para 11,72% (regular) e 11,73% (estendida).
A aposta de que a PEC, bem ou mal, vai passar em segundo turno ainda hoje embalou os ativos desde a manhã, com a notícia de que a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou pedidos para suspender a tramitação do texto, alegando que a PEC ainda seguirá para análise do Senado. A mobilização do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressista-AL), para colocar a matéria em pauta também foi precificada como avanço na tramitação. A derrubada gradual dos destaques ao longo da tarde também foi computada como vitória do governo.
O analista de Investimentos Renan Sujii entende que a curva de juros foi a mais castigada pela aversão ao risco fiscal das últimas semanas ante outros ativos e tem gordura para queimar num cenário de aprovação da PEC, que, segundo ele, é o “plano A, B e C da equipe econômica” como fonte de financiamento ao Auxílio Brasil. Não que a PEC seja vista como uma boa solução, mas, caso não passe, o mercado teme articulações para a volta dos créditos extraordinários e estado de calamidade, que representariam praticamente um cheque em branco para as despesas.
“O mercado está com um olhar muito de curto prazo na questão da PEC, voltado apenas à Câmara, para depois ver o que acontece no Senado. A ideia é passar primeiro nas quartas-de-final para então pensar na semi”, comparou Sujii. “O placar na Câmara foi apertado e o Senado é uma casa ainda mais dura.”
Do mesmo modo, o resultado negativo para o governo do julgamento, pelo STF, sobre os repasses parlamentares por meio de emendas de relator do orçamento secreto, e que teriam assegurado a aprovação da PEC no primeiro turno, também não abalou a confiança dos agentes. Pelo placar de seis a zero, foi mantida a liminar da ministra Rosa Weber que suspendeu as transferências.
O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, destaca, entretanto, que na prática, mesmo com a suspensão dos pagamentos, o governo pode deslocar recursos discricionários e outros recursos de forma livre pelo Executivo. “A flexibilização de regras para votação pelo Presidente da Câmara ainda dá chances de aprovação”, disse.
Por Denise Abarca
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