O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou nesta quinta, (4), que o país realizará eleições legislativas no próximo dia 30 de janeiro. Em um discurso, a data do pleito foi marcada após um processo que levou à dissolução do Parlamento em virtude do impasse pela aprovação do Orçamento de Estado de 2022.
O presidente lembrou que foi a primeira vez em 45 anos que os planos orçamentários não foram aprovados. O Partido Socialista (PS) governava com uma minoria, e não conseguiu apoio de mais siglas necessárias para aprovar sua proposta, o que ficou notado pelos partidos à esquerda do espectro político, notadamente o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português (PCP), que em 2015 compuseram a coalizão que ficou conhecida como “geringonça”, e que comandou Portugal até as eleições de 2019.
Em seu discurso, o presidente afirmou que “este era um orçamento especialmente importante”. Segundo Sousa, “a sua rejeição deixou sozinho a votar o orçamento o partido do Governo” e “dividiu por completo a base de apoio mantida desde 2015”. O Orçamento de 2022 em suas palavras é decisivo “para a saída duradoura da pandemia e da crise econômica e social que nos atingiu. Até por coincidir com o começo de um período irrepetível de acesso a mais fundos europeus”, lembrou, em uma menção às verbas do plano de recuperação da União Europeia.
Segundo o presidente, a escolha da data ocorreu em virtude das festas de fim de ano. “O sensato é apontar para debates e campanha a começarem em 2022, mas não em cima do dia de Ano Novo, e ainda assim termos as eleições em janeiro”, afirmou, lembrando a necessidade de evitar a abstenção, tradicionalmente alta no país.
Segundo uma pesquisa publicada pelo jornal Diário de Notícias e realizada pelo instituto Axiomage, o primeiro-ministro António Costa é favorito para uma recondução ao cargo, cenário indicado por 43% dos entrevistados, acima dos 29% que acreditam em uma vitória do Partido Social Democrata (PSD), da centro-direita. Por sua vez, 68% não acreditam que o PS obteria uma votação suficiente para uma maioria absoluta, o que colocaria o país em um cenário semelhante ao deixado pelas eleições de 2019.
Por Matheus Andrade
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