Ações

JPMorgan reitera aposta em ações brasileiras; “estamos perto do fundo”

Se a Bolsa brasileira ainda não chegou ao fundo do poço, provavelmente está bem perto disso, na avaliação da equipe de análise do JPMorgan. Apesar de admitir mais semanas de incertezas provenientes do Congresso, o banco americano segue com recomendação “overweight” (acima da média do mercado) para as ações na B3.

“Continuamos defendendo que o mercado oferece um ponto de entrada interessante, talvez o melhor que encontraremos em algum tempo. Já existe muita coisa negativa nos preços, e mesmo uma fantasia de longo prazo (privatização da Petrobras), que tem muito poucas chances de aprovação no Congresso em um futuro previsível, leva a um rali do marcado”, diz relatório assinado pelos estrategistas do JPMorgan, Emy Shayo Cherman, Cinthya Mizuguchi, Pedro Martins Junior, Nur Cristiani e Diego Celedon.

Se, por um lado, os investidores institucionais locais têm registrado retiradas de recursos da Bolsa – eventualmente por elevadas solicitações de resgate de fundos –, na outra ponta, a atratividade das ações na B3 não passou despercebida pelo investidor estrangeiro. Em outubro, as compras líquidas de gringos totalizam mais de R$ 11 bilhões, em reflexo do apetite externo, apesar da baixa mensal de 3% do Ibovespa.

Upside e downside

O time do JPMorgan mensurou o que de ruim, na visão deles, já está precificado nas cotações atuais da Bolsa brasileira: o ciclo eleitoral tumultuado com disputa entre Lula e Bolsonaro, algum populismo do governo atual e o programa de auxílio de R$ 400 mensais com drible de R$ 30 bilhões no teto de gatos. Dentre os pontos negativos não precificados, aparecem a greve dos caminhoneiros e uma eventual interferência do governo em preços de combustíveis, por exemplo.

Por falar em política, um fator interessante do lado positivo é um possível desdobramento das prévias do PSDB para a candidatura à Presidência da República, que ocorrerá em 21 de novembro: “Uma possível vitória de Eduardo Leite seria possivelmente bem-vinda pelo mercado, cujo julgamento é que ele seria um adequado potencial a terceira via para desestabilizar o duelo Bolsonaro-Lula.”

Inflação

No contexto de piora macroeconômica, a equipe do JPMorgan cita as revisões para baixo nas projeções para a economia brasileira em meio à mudança do regime fiscal, com inflação mais elevada, crescimento mais fraco e subida dos juros. “Achamos que há mais 3 a 4 semanas de incerteza, até vermos a resolução de questões pendentes no Congresso.”

Apesar de reconhecer o risco de downgrade nas projeções para os lucros das empresas, o banco chama a atenção para a inflação. Na perspectiva dos analistas da instituição financeira, a inflação (acumulada em 12 meses) atingiu um pico em setembro a 10,25%, e está começando uma tendência de declínio até 4,5% em 2022.

Ações

As preferências do JPMorgan para a Bolsa brasileira se concentram em empresas exportadoras de commodities e do setor financeiro, além de nomes focados no mercado interno não-cíclico – ou seja, menos sensíveis à evolução da economia. Os analistas destacam Petz (PETZ3), Rede D’Or (RDOR3), Raia Drogasil (RADL3), Assaí (ASAI3) e Vibra Energia (BRDT3).

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Redação Mercado News

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