A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, pediu que o Congresso do país aumente ou suspenda o teto para emissão de dívida no longo prazo. Em carta enviada às lideranças dos partidos na Câmara e no Senado, nesta segunda-feira, a economista disse que ainda vai precisar usar “medidas extraordinárias” para cumprir as obrigações do governo americano até 3 de dezembro.
“É imperativo que o Congresso aja para aumentar ou suspender o limite da dívida de uma forma que forneça a certeza de longo prazo de que o governo irá cumprir todas as suas obrigações”, escreveu Yellen no documento.
Na semana passada, o presidente dos EUA, Joe Biden, assinou um projeto de lei que eleva em US$ 480 bilhões o teto da dívida.
“O aumento do limite de endividamento sancionado na semana passada fornece um alto grau de confiança de que o Tesouro continuará sendo capaz de financiar as operações do governo federal até 3 de dezembro de 2021”, afirmou a ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Yellen ressaltou que a solução é temporária e que, ainda assim, o Tesouro vai ter de prorrogar medidas extraordinárias que vinha usando desde agosto, quando o governo havia atingido o limite anterior do teto. “Mais uma vez, exorto respeitosamente o Congresso a agir para proteger a fé e o crédito total dos Estados Unidos”, reforçou a secretária na carta.
O projeto assinado por Biden passou no Congresso após semanas de impasse político entre os democratas e os republicanos. O acordo temporário foi oferecido pelo líder da oposição no Senado, senador Mitch McConnell. Mas o republicano já disse que não apoiará uma elevação ou suspensão do teto no longo prazo.
Os governistas defendem um aumento do teto com apoio bipartidário, como é tradicional, mas, a um ano das eleições de meio mandato, os republicanos querem que a pecha de elevar a dívida pública recaia apenas sobre a legenda rival.
Sem a cooperação de McConnell para suspender o filibuster, que só permite a aprovação da maioria dos projetos com um mínimo de 60 votos no Senado, os democratas provavelmente terão de passar uma nova extensão do teto por meio da “reconciliação”, um dispositivo orçamentário que abre caminho para a aprovação de projetos ligados ao orçamento por maioria simples.
Isso ocorre porque partido de Biden tem apenas 50 dos 100 assentos do Senado, mesma quantidade de cadeiras dos republicanos. A maioria apertada vem com o voto de desempate da vice-presidente Kamala Harris, que acumula o cargo de presidente da Casa.
A carta enviada nesta segunda-feira por Yellen foi endereçada, entre outras lideranças, a McConnell, à presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, e ao líder do Partido Democrata no Senado, Chuck Schumer.
Por Iander Porcella
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