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Diretor do BC vê inflação muito impactada por itens voláteis com baixa inércia

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou que a inércia para 2022 deve ser mais elevada devido ao nível final de inflação em 2021, previsto em 8,5% pelo BC no cenário básico. Mas ponderou que não acredita que os riscos são de alta em relação ao cenário básico. A declaração de Serra foi realizada durante live do BTG Pactual.

Ele destacou que a inflação atual está muito impactada por itens voláteis, como combustíveis e alimentos, que têm baixa inércia, enquanto os preços de serviços, com inércia maior, tendem a ser afetados por um hiato “relativamente grande e maior do que antes da pandemia” no mercado de trabalho.

Em relação aos bens, que têm inércia maior que os itens voláteis e menor que os serviços, Serra considerou que há um choque. “Conjuntura atual, por mais que seja mais persistente, tende a normalizar.”

Ciclo de juros

O diretor de Política Monetária do Banco Central afirmou que, no ciclo de alta de juros, a curva longa brasileira tende a ser mais volátil e mais inclinada do que em outros países. “A volatilidade na curva eleva o risco e então retorno para compensar risco”, disse.

Segundo o diretor do BC, em momentos de baixa da taxa básica de juros da economia, há mais demanda por títulos pré-fixados e o Tesouro Nacional, “que tem que rolar uma dívida de 80% do PIB”, consegue emitir mais esses títulos. “Quando o ciclo inverte, os fundos têm que apostar em outros ativos. O Tesouro, então, tem que recomprar dívida, o que não é tão comum em outros países”, explicou. “É um vai e vem do ciclo de juros brasileiro, é sempre assim.”

Câmbio

Serra ainda disse que o BC está confortável se precisar intervir no câmbio em 2022, um ano eleitoral, em momentos de anomalia, de excessiva volatilidade, ano eleitoral. “O BC está pronto. São US$ 375 bilhões em reservas já. É uma situação bastante boa em porcentual do PIB. Estamos super confortáveis para atuar se for necessário. Espero que não seja.”

O diretor de Política Monetária do BC disse ser surpreendente a performance do câmbio, do lado negativo, principalmente de 2020 para cá. Apesar de afirmar que não se trata de um fenômeno apenas do Brasil, afirmou que tem se perguntado sobre se os investidores estão se beneficiando menos dos termos de troca ou se decidiram aplicar recursos localmente, em tecnologia, por exemplo, um segmento com menos risco do ponto de vista dele. “Será que isso vai se inverter?”, questionou.

Serra relatou que há cerca de seis meses, ouvia que o grande problema do câmbio era o nível de juros. “Se isso é um problema, isso é um não problema, e o câmbio vai voltar. Quero deixar claro que não vamos entregar meta de inflação este ano, mas estamos atrás da de 2022.”

Ele também disse que a discussão fiscal tem sido dura e que o cobertor é curto, lembrando que o mundo está saindo de uma pandemia. “Pressões são grande e mantêm incerteza que pressionam cambio também”, afirmou.

Além disso, o diretor disse que também não é possível ignorar os impactos de medidas no mercado micro, como a lei 14.031/2020. “Quando somamos esses montantes, são US$ 70 bilhões, US$ 80 bilhões em um horizonte de 18 meses. É muita coisa, é muito dólar”, comentou. Para o ano que vem, Serra disse que espera um mercado mais líquido, com fluxos mais equilibrados.

Por Thaís Barcellos e Célia Froufe

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Estadão Conteúdo

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