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Militares britânicos dirigirão carretas na crise da gasolina

Motoristas militares começarão a operar caminhões-tanque no Reino Unido nos próximos dias para aliviar a crise de abastecimento de combustível. Antes disso, porém, o governo mobilizou sua própria frota reserva de caminhões-tanque, dirigida por civis, para entregar gasolina às bombas vazias de postos britânicos.

A indústria de combustíveis afirmou nesta quarta, (29), que a crise, desencadeada pela falta de caminhoneiros, estava diminuindo. No entanto, as bombas de gasolina estão com dificuldades para satisfazer o grande fluxo gerado pela corrida aos postos nos últimos dias.

Para ajudar o setor, o governo aprovou o fornecimento de 150 motoristas do Exército. Outros 150 soldados se manterão à espera, caso seja necessário acioná-los. Segundo o secretário de Negócios britânico, Kwasi Kwarteng, as primeiras dezenas de soldados treinados para operar caminhões-tanque começarão a aparecer nas estradas dentro de alguns dias. “Decidimos fazer isso e acredito que, nos próximos dias, as pessoas verão os soldados conduzindo a frota de caminhões-tanque”, disse.

Muitos postos de gasolina no Reino Unido fecharam nos últimos cinco dias após ficarem sem combustível, uma situação agravada pelo pânico de alguns motoristas. Longas filas marcadas por discussões entre motoristas irritados se formaram nas bombas que ainda estavam abertas, bloqueando estradas e causando caos no tráfego.

Ontem, as empresas saudaram a chegada de caminhões-tanque de reserva e disseram que estão trabalhando em estreita colaboração com o governo para manter entregas regulares nos postos de gasolina. Elas reiteraram que a falta de caminhoneiros é o problema – e não a de combustível. Segundo elas, a produção não sofreu redução nas refinarias e terminais.

Apesar da perspectiva otimista, um sindicato de motoristas de táxi disse que cerca de um quarto de seus membros não conseguiu trabalhar na terça-feira e parecia haver poucos sinais imediatos de melhora na situação.

Os problemas de abastecimento resultaram de uma escassez de até 100 mil caminhoneiros, em razão de uma combinação de fatores, incluindo interrupção do treinamento de motoristas relacionada à pandemia, envelhecimento da força de trabalho e êxodo de trabalhadores estrangeiros após a saída do Reino Unido da União Europeia.

Além de obter ajuda do Exército, o governo conservador do Reino Unido está tentando atrair ex-motoristas britânicos de volta à indústria, bem como acelerar o treinamento de novos caminhoneiros. Londres também está oferecendo vistos a 5 mil motoristas estrangeiros para irem ao Reino Unido por três meses, mas a medida não pareceu muito atraente.

“Eu ouvi sobre os vistos de três meses”, disse o caminhoneiro romeno Bron Zoltan, alegando que o prazo é muito curto. “Se você me der um contrato de três meses, o que acontecerá comigo depois?”, questionou.

Crise mascarada

O coronavírus e os meses de paralisação econômica causada pela pandemia mascararam as formas como o Brexit desorganizou o comércio no Reino Unido. Esse disfarce caiu no fim de semana passado, quando os postos de gasolina de todo o país começaram a ficar sem gasolina, criando pânico e filas enormes de motoristas em busca de combustível.

Essa não é a primeira ruptura comercial a atingir o Reino Unido desde que ele deixou o mercado único, em 2020. Os produtores britânicos de moluscos perderam mercados inteiros na UE por causa de novas regulamentações sanitárias. Além disso, os consumidores no Reino Unido foram surpreendidos por pesadas tarifas alfandegárias sobre café da Itália.

No entanto, é a primeira interrupção a ocorrer desde que a vida voltou a uma aparência de normalidade, após 18 meses de restrições forçadas pela pandemia, com escolas, escritórios e estádios abertos. Por isso, é a primeira crise pós-Brexit que não foi mascarada pelos efeitos do coronavírus. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Redação, O Estado de S.Paulo

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Estadão Conteúdo

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