Hakan Demir sorriu abertamente ao chegar ao majestoso edifício do Parlamento alemão nesta terça-feira, (28), seu primeiro dia oficial de trabalho como legislador nacional. “Meu avô teria muito orgulho de mim, e meus pais também estão orgulhosos”, afirmou Demir, de 36 anos, tomando um momento para lembrar as raízes de sua família, na Turquia, de onde seu avô veio no início dos anos 1970 como um “trabalhador convidado e não treinado” para ajudar a construir estradas e casas na Alemanha.
Demir, um membro do Partido Social Democrata, de centro-esquerda, é uma das centenas de pessoas de raízes imigrantes que concorreram à Câmara dos Deputados da Alemanha, em eleições que formaram o Bundestag mais diversificado e inclusivo da história alemã.
Além de imigrantes, a Câmara agora inclui ao menos três negros – contra um no mandato anterior. O número de legisladoras também aumentou em relação às últimas eleições, e duas mulheres transgênero conquistaram assentos no parlamento.
Entre os imigrantes recém-eleitos está Awet Tesfaiesus, de 47 anos, a primeira mulher negra a servir no Parlamento. Tesfaiesus, que fugiu da Eritreia com sua família aos 4 anos de idade, é um membro do Partido Verde e foi eleita para representar a região central de Werra-Meissner.
Outros novos legisladores são Armand Zorn, de 33 anos, que nasceu nos Camarões e veio para a Alemanha aos 12 anos, e Reem Alabali-Radovan, de 31 anos, filha de imigrantes iraquianos, ambos social-democratas.
A nova parlamentar Serap Guler, de 41 anos, do CDU, partido de Angela Merkel, é filha de imigrantes turcos, nascida na Alemanha. Ela atuou nos últimos anos como vice-ministra para a integração no Estado da Renânia do Norte-Vestfália.
A Alemanha Ocidental começou a recrutar “trabalhadores convidados” da Turquia, Itália, Grécia e, mais tarde, do Marrocos, há mais de 60 anos, para ajudar o país a avançar economicamente. Os trabalhadores foram empregados na construção, mineração de carvão, produção de aço e indústria automobilística.
Muitos dos que inicialmente vieram como trabalhadores temporários decidiram ficar e trazer suas famílias, dando a Berlim e outras cidades no oeste e sudoeste da Alemanha grandes comunidades de imigrantes.
“Meu avô veio para a Alemanha porque sua família era simplesmente muito pobre. Ele sempre me disse que quando criança não tinha dinheiro nem para comprar sapatos”, disse Demir, que 50 anos depois foi eleito para representar o distrito berlinense de Neukoelln, um dos bairros de imigrantes mais diversificados do país.
Atualmente, existem cerca de 21,3 milhões de pessoas com origens imigrantes na Alemanha, número que representa cerca de 26% da população de 83 milhões.
Duas políticas alemãs também fizeram história ao se tornarem as primeiras mulheres trans eleitas para o parlamento.Tessa Ganserer e Nyke Slawik se candidataram pelo Partido Verde, que ficou em terceiro lugar nas eleições e deve desempenhar um papel central na construção de uma nova coalizão governamental. Fonte: Associated Press.
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