Os juros futuros fecharam a segunda-feira em alta, apesar da busca por risco nos mercados internacionais. Houve ganho de inclinação na curva com os novos capítulos da crise político-institucional desde a noite da sexta-feira. As taxas de médio e longo prazos voltaram nesta segunda à tendência de alta considerada natural diante do agravamento das tensões entre o Executivo e o Supremo Tribunal Federal (STF) e provocações do presidente da República, Jair Bolsonaro, aos governadores. Na agenda, a pesquisa Focus mostrou nova deterioração das estimativas para inflação e crescimento.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023, o mais negociado, fechou em 8,49%, de 8,41% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 9,565% para 9,74%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 10,19%, de 10,004%.
O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa, lembrou que lá fora o dia foi tranquilo, com o dólar em queda e juros dos Treasuries em alta mostrando que não houve busca por segurança. O petróleo e parte das commodities agrícolas também subiram. “O que pesa são mesmo as nossas questões domésticas colocando as reformas e o fiscal em risco”, explicou o economista.
A esperança de distensionamento das relações entre os Poderes foi apagada pelo pedido de impeachment contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, encaminhado por Bolsonaro na sexta, e seus desdobramentos estiveram entre os principais pontos de cautela nos mercados. Moraes, por sua vez, autorizou a coleta de novos depoimentos no caso que investiga a denúncia de interferência política do presidente na Polícia Federal.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, segue tentando colocar panos quentes, mas admitiu que a atitude do presidente da República dificulta o restabelecimento do diálogo e garantiu que não admitirá nenhum tipo de retrocesso no Estado de Direito. Na leitura dos analistas, a aprovação do ex-ministro da Justiça André Mendonça, indicado por Bolsonaro, para uma vaga no STF, por exemplo, já subiu no telhado, o que pode provocar nova ofensiva do presidente. Em outra frente, liderados por João Doria, governadores já se mobilizam para a realização de uma reunião com os chefes dos três Poderes em defesa da democracia.
“Cada declaração de um lado e de outro põe mais lenha na fogueira e quem sofre é a economia”, disse Camargo Rosa, destacando os números da pesquisa Focus, que mostra um cenário estagflacionário das estimativas. Enquanto as medianas para o IPCA 2021 e 2022 subiram para 7,11% e 3,93%, acima das metas de inflação, a projeção de PIB para este e o próximo ano caíram a 5,28% e 2,00%.
Para André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, mais do que altas ao longo de toda a curva, o que realmente impressiona é a esticada em relação ao mês anterior. “Está evidente que o mercado mudou de vez o tom com Brasília, mas mesmo depois de tanta alta o mercado segue nervoso sem saber qual o patamar que equilibra seus receios com a piora do cenário”, comentou, lembrando ainda que nesta segunda, em São Paulo, Doria afastou o coronel Aleksander Lacerda após o policial militar convocar seus comandados à manifestação bolsonarista do dia 7 de setembro.
Por Denise Abarca
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