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Juros: Taxas longas disparam e 2027 volta a 2 dígitos

Impasses fiscais e institucionais no Brasil e um cenário externo com certa resistência à tomada de risco levaram a mais um dia de inclinação da curva de juros futuros. Neste contexto, a taxa do janeiro 2027 voltou ao nível de dois dígitos, o que não era visto desde dezembro de 2018, uma semana após os contratos além de 2028 voltarem a esse patamar.

Nos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) de prazo bem curto houve viés de queda na maioria dos vértices, espelhando certa acomodação do aumento de prêmios recentes. O impulso veio, contudo, naqueles de prazo mais estendido.

No encerramento da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 recuou de 6,641% a 6,625%. O 2023 passou de 8,349% a 8,35%. Nas máximas, o 2025 foi de 9,39% a 9,58%; o 2027 avançou de 9,824% a 10,020%; o 2029 subiu de 10,093% a 10,370%; e o janeiro 2031 saltou de 10,26% a 10,50%. A tomada de posições mais defensivas acelerou na última hora do pregão, tal qual visto na semana passada.

O diferencial entre esse contrato e o janeiro 2022, por sua vez, atingiu 340 pontos-base, o maior desde 27 de maio (352 pontos). A agitada agenda parlamentar doméstica, com debate sobre Imposto de Renda e Precatórios, compensa a falta de indicadores de maior peso e dá o tom da semana na renda fixa.

Na sexta-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que é impossível para qualquer BC do mundo controlar as expectativas de inflação com um ambiente fiscal descontrolado. À tarde do mesmo dia, o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, disse que o espaço para gastos está ficando ainda mais apertado com o avanço dos índices de preços.

Ao fim do dia, o Broadcast publicou entrevista com o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, na qual ele reconheceu que a PEC dos Precatórios tem muitas vulnerabilidades e que, por isso, é preciso “máxima responsabilidade” por parte do Congresso. E ao Valor Econômico hoje, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo poderá ter de suspender o funcionamento de órgãos públicos e o pagamento de salários se a proposta não for aprovada.

“O que o mercado está vendo são riscos ao teto de gastos, que vem perdendo relevância ao longo do tempo enquanto âncora fiscal. Com isso, acaba-se deixando de ter um guia em termos de credibilidade (nas contas públicas)”, afirma o estrategista-chefe do Modalmais, Felipe Sichel.

Além do front no Congresso, a questão institucional vem incomodando os agentes. A intenção do presidente Jair Bolsonaro de protocolar pedidos de impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, vocalizada no sábado, azeda ainda mais a crise entre os Poderes.

Por Mateus Fagundes

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Estadão Conteúdo

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