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Antes do Copom, juros sobem alinhados à reação negativa dos Treasuries ao Fed

A curva de juros piorou durante a tarde da quarta-feira, 16, acompanhando a reação negativa generalizada dos ativos ao comunicado do Federal Reserve (o banco central norte-americano), que manteve inalterada taxa de juros, mas, pelo gráfico de pontos, indicou que a maioria dos dirigentes espera pelo menos uma alta em 2023. As taxas locais inverteram a queda e passaram a subir, alinhadas à escalada do rendimento da T-Note de 10 anos, que foi de 1,48% antes do Fed para até 1,57% depois, renovando máximas durante a entrevista do presidente da instituição, Jerome Powell.

Os contratos de curto prazo sofreram menos, com dinâmica limitada pela expectativa em relação ao Comitê de Política Monetária (Copom). O mercado dá como certa a retirada do termo “parcial” sobre o processo de normalização da Selic e um aumento de no mínimo 0,75 ponto porcentual na atual taxa de 3,50%, mantendo fichas na opção de 1 ponto, caso o Copom queira surpreender.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 5,43%, de 5,394% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2023 passou de 6,999% para 7,01%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 7,99%, de 7,975% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2027 avançou de 8,404% para 8,43%, atingindo 8,51% na máxima.

A ponta longa chegou a subir 10 pontos-base nas máximas, acompanhando pari passu a reação dos Treasuries ao comunicado do Fed e à entrevista de Powell. Ele afirmou que a inflação aumentou de modo notável nos últimos meses e que a instituição estará pronta a agir se houver sinais de inflação ou expectativa acima da meta. “Gargalos da cadeia de suprimentos que afetam inflação têm sido maiores do que o antecipado”, disse. Ao mesmo tempo, afirmou também que as condições para alta de juros estão muito distantes.

Até então, o ambiente era de apetite pelo risco, com Treasuries bem comportados e dólar chegando a cair abaixo de R$ 5, o que reduzia a inclinação da curva doméstica, com taxas curtas estáveis e longas, em baixa.

“O DI curto reflete uma incógnita, se o Copom vai ou não acelerar o ritmo de aperto”, disse o operador de renda fixa da Terra Investimentos, Paulo Nepomuceno, que defende uma alta de 1 ponto na Selic como forma de o Copom retomar o controle da inflação e concentrar o ciclo em 2021. “O BC já perdeu a luta contra a inflação de 2021 e começa a perder a de 2022”, afirmou, destacando que “não há boas notícias” para o cenário de preços no horizonte. Nem o alívio do câmbio é visto como positivo porque, na avaliação dele, não haverá repasse da queda do dólar para os preços.

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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