Mercados

Com exterior, Bolsa sobe ao maior nível desde 18 de janeiro

Em dia positivo no exterior, especialmente em Nova York, com a renovação de máximas pelo Dow Jones e S&P 500 em meio a mais uma fornada de dados convincentes sobre a economia americana, o Ibovespa estendeu pela quarta sessão a sequência de ganhos, embora timidamente, em leve alta de 0,34%, aos 120.700,67 pontos no fechamento desta quinta-feira, o maior nível desde 18 de janeiro (121.241,63 pontos). Apesar de alguma acomodação no dólar, que nesta data retornou a R$ 5,59 na mínima do dia, o quadro doméstico continua a recomendar cautela aos investidores, em momento no qual os estrangeiros permanecem avessos a ativos brasileiros, ante o descontrole da pandemia e a falta de sinais claros sobre o orçamento e o fiscal.

“O mercado está tentando olhar um pouco além disso, dos problemas, mas o investidor, não só o estrangeiro como também o brasileiro, parece um pouco cansado, com todo esse pessimismo sobre o fiscal. Para o estrangeiro, leva tempo para entender o que está acontecendo aqui, e no momento, sem o apelo do ‘carry trade’, fica difícil para o estrangeiro ficar comprado em Brasil, apesar do ‘trade’ de reflação, que beneficia as commodities”, diz Scott Hodgson, gestor de renda variável na Galápagos.

Nesta quinta, mesmo com sessão amplamente positiva em Nova York, o Ibovespa chegou a tocar pontualmente terreno negativo, no meio da tarde, pela dinâmica interna, com o mercado também acompanhando de perto a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre processos do ex-presidente Lula, além de relato de que os cortes do Orçamento podem ficar bem abaixo do esperado, em apenas R$ 20 bilhões ou R$ 30 bilhões, observa Rodrigo Barreto, analista da Necton Investimentos, com o Ibovespa então “em cima da resistência de 120,3 mil pontos”.

Se o Ibovespa oscilou na quarta entre os 119 mil e 120 mil pontos, na quinta se acomodou um pouco acima, entre os 120 mil e 121 mil, chegando no intradia, aos 121.408,72 pontos, ao maior nível desde os 121.449,10 pontos durante a sessão de 20 de janeiro, quando o índice da B3 descia da máxima histórica de fechamento, de 125.076,63 pontos, do dia 8 do mesmo mês. Apesar da recuperação acumulada entre março e esta primeira quinzena de abril, que coloca agora o Ibovespa em alta de 1,41% no ano, o volume financeiro tem se mantido bem mais acomodado do que o observado até fevereiro, quando veio a reversão do fluxo estrangeiro para a B3, que havia se mantido bem positivo entre novembro e janeiro – no primeiro mês deste ano, o ingresso foi a R$ 23,5 bilhões, recorde para janeiro.

Nesta quinta-feira, o giro financeiro na B3 ficou em R$ 30,5 bilhões, com o Ibovespa saindo de abertura a 120.290,26 e chegando na mínima do dia aos 120.083,97 pontos. Na semana, o índice sobe 2,58% e, no mês, 3,49%.

Nos Estados Unidos, com os pedidos semanais de auxílio-desemprego no menor nível desde março de 2020 e as vendas do varejo em março em alta de quase 10%, “os dados de hoje reforçam a perspectiva de recuperação do consumo americano”, diz Rodolfo Carneiro, sócio e assessor da Valor Investimentos. “No Brasil, a pesquisa mensal de serviços, do IBGE, também surpreendeu positivamente, contribuindo para a alta do Ibovespa pela manhã, com o setor superando pela primeira vez o nível de atividade pré-covid”, acrescenta.

“A situação do Brasil ainda é muito, muito complicada: está saindo agora a LDO para 2022 quando ainda nem sabemos direito o que vai acontecer com o Orçamento de 2021. As questões fiscais estão ainda muito delicadas, e isso deve fazer com que o movimento lá fora não se reflita tão forte em nossa moeda aqui. O movimento de hoje (no câmbio) foi pontual e deve se reverter nos próximos dias”, avalia Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.

Nesta penúltima sessão da semana, entre o exterior positivo e o doméstico ainda sem clareza, Vale ON (+1,13%) e siderurgia (Usiminas +0,91%, CSN +1,16%) deram algum fôlego para o Ibovespa, contido por perdas em Petrobras (PN -1,99%, ON -1,76%) e em bancos, à exceção de BB ON (+0,14%) e Bradesco ON (+0,35%). Na ponta do índice, destaque para o salto de 28,13% em Hering, após recusar combinação de negócios com a Arezzo, bem à frente de JBS (+3,63%) e Braskem (+3,54%) no fechamento da sessão. Na ponta negativa, Pão de Açúcar encerrou hoje em baixa de 5,08%, PetroRio, de 4,13%, e IRB, de 2,95%.

Por Luís Eduardo Leal

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Estadão Conteúdo

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