O dólar operou nesta quinta-feira, 11, sem muito fôlego, com forte volatilidade pela manhã e quedas em alguns momentos pela entrada de fluxo. Nos negócios da tarde, tentou firmar alta, por causa da preocupação com a situação fiscal do Brasil. Profissionais das mesas de câmbio comentam que, na ausência de detalhes concretos de como o governo pretende financiar a esperada prorrogação do auxílio emergencial, o câmbio ficará volátil. Por isso, mesmo com o dólar em queda ante emergentes, como o México, Colômbia e África do Sul, o real novamente não acompanhou o movimento.
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Após reunião com o ministro Paulo Guedes, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) prometeu “caminho técnico” para viabilizar o auxílio, mas falou da necessidade de uma medida imediata, sem esperar o ajuste fiscal. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também pressionou novamente o governo para a medida, mas a visão nas mesas de operação é que o assunto vai ficar para ser resolvido depois do feriado de Carnaval, o que ajuda a reforçar o clima de cautela. Na tarde de hoje, Jair Bolsonaro falou em auxílio a partir de março, por “três ou quatro meses”.
No fechamento, o dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,32%, a R$ 5,3883. No mercado futuro, o dólar para março fechou em queda de 0,42%, a R$ 5,3685.
Para o economista-chefe de uma grande gestora, o mercado ainda está reagindo de forma até comedida, em meio ao vaivém de informações, esperando uma solução mais definitiva para o auxílio. A visão, disse ele, ainda é que Guedes vai conseguir uma solução e, mesmo sem ela, o Congresso não reagiria à revelia do Planalto neste momento, especialmente quando se leva em conta que Lira e Pacheco foram eleitos com apoio de Bolsonaro, disse este executivo.
Na avaliação do estrategista de mercados emergentes do banco suíço Julius Baer, Mathieu Racheter, o cenário mais provável é de extensão do auxílio no Brasil, o que ocorre em momento particularmente difícil, com atividade perdendo fôlego e falta de espaço fiscal do governo. Por isso, o risco é a aprovação da medida, dependendo de como for feita, levar a uma piora adicional do câmbio e mais inclinação da curva de juros. “O governo tem pouco espaço para estender o estímulo fiscal sem burlar o teto, principal âncora fiscal do Brasil”, escreve em nota a clientes.
Pelo lado positivo, Racheter destaca a aprovação do projeto de autonomia do Banco Central, que diminuiu a pressão política sobre a autoridade monetária. Mais cedo, a aprovação ajudou a retirar certa pressão do câmbio, na medida em que sinaliza que mais pautas podem andar no Congresso. A vice-presidente da agência de classificação de risco Moody’s, Samar Maziad, disse que a perspectiva agora, após o projeto do BC, é a de avançar com reformas fiscais para assegurar o cumprimento do teto de gastos, fator essencial para manter o rating do Brasil.
Por Altamiro Silva Junior
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