Ações

Gestora Pátria levanta mais de R$ 3,2 bi em IPO nos EUA

A gestora de private equity (que investe em participação de companhias) Pátria estreou nesta sexta-feira, 22, na bolsa norte-americana Nasdaq, após fazer sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), que movimentou R$ 3,2 bilhões (US$ 588 milhões). Com os recursos, a gestora brasileira mira mais crescimento, o que poderá envolver aquisições. A companhia estreou com um valor de mercado de mais de R$ 15 bilhões (US$ 2,8 bilhões) e ganhou, em apenas um dia, cerca de R$ 2,6 bilhões (US$ 476 milhões) – a ação encerrou o pregão com alta de 17%, a US$ 19,90.

—> Gostou desta notícia? Receba nosso conteúdo gratuito, todos os dias, em seu e-mail

A forte valorização no primeiro dia é explicada pela elevada demanda na oferta, que chegou a superar em 14 vezes o volume que foi ofertado inicialmente, o que fez com que a gestora emplacasse na largada o preço de US$ 17 por sua ação – acima do intervalo previsto inicialmente. Do volume total, US$ R$ 1,7 bilhão (US$ 326 bilhões) veio da emissão primária e, por isso, foi para o caixa da gestora.

Sócio do Pátria, o gigante norte-americano Blackstone foi o vendedor na operação secundária do IPO e colocou R$ 1,4 bilhão (US$ 262 milhões) no bolso. Com isso, a participação do fundo na gestora caiu de 40% para 14,4%.

O presidente e cofundador do Pátria, Alexandre Saigh, diz que a escolha pela abertura de capital nos Estados Unidos está relacionada ao alto desenvolvimento da indústria de investimentos alternativos no país. As maiores companhias dedicadas a esse setor são americanas, caso da KKR e da Blackstone. A listagem fora do Brasil também fez sentido considerando a meta de internacionalização da gestora.

Em uma estreia 100% virtual, como exigem os protocolos da pandemia de covid-19, o Pátria dividiu seus executivos em dois grupos. Cada um deles conduziu dez reuniões diárias com investidores. “De um lado, você ganha eficiência (com o IPO virtual), mas perde o lado humano”, afirma Saigh, que acompanhou a abertura da Nasdaq a partir do escritório do Pátria, em São Paulo.

O cofundador e presidente do conselho de administração do Pátria, Olimpio Matarazzo, diz que a tendência de busca de investimentos como o private equity deve se intensificar em breve na América Latina, à medida que o juro nessa região permaneça baixo. “Essa indústria nos Estados Unidos cresceu muito com o juro muito baixo e nós imaginamos que a penetração dos investimentos alternativos na América Latina vai ser mito grande”, prevê.

As eventuais aquisições que podem entrar no radar devem ser focadas em duas áreas em que o Pátria acredita ter uma lacuna a preencher: no ramo imobiliário e no de crédito. No fim de setembro, o Pátria tinha US$ 12,7 bilhões em ativos sob gestão. Segundo Saigh, o Pátria entrou na pandemia com 85% da carteira de private equity em setores de saúde, alimentos e agronegócio – setores considerados apostas mais seguras pelo mercado financeiro.

Reclamação

Conhecido pela discrição, a um dia de precificar seu IPO, o Pátria virou assunto no mercado por conta de um de seus investimentos. O site Brazil Journal publicou reportagem sobre a insatisfação de investidores com a gestora.

Conforme apurou o Estadão, o fundo de administração de shoppings, citado na reportagem, precisou de uma capitalização porque sua saúde financeira foi comprometida pela pandemia. Grande parte dos investidores acompanhou o aumento de capital, mas um grupo de menos de 10 cotistas decidiu não fazer o aporte e, por isso, teve a participação diluída. Esse grupo, insatisfeito com a decisão, entrou com uma reclamação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Fernanda Guimarães

Siga o Mercado News no Twitter e no Facebook e assine nossa newsletter para receber notícias diariamente clicando aqui.

Estadão Conteúdo

Recent Posts

ABBC diz que redução no teto do consignado INSS prejudica bancos de menor porte

A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) afirma que as reduções do teto dos juros do…

12 horas ago

Governo enviará MP para flexibilizar lei de licitações em casos de calamidade, diz ministra

A ministra da Gestão, Esther Dweck, anunciou que o governo federal enviará uma Medida Provisória…

12 horas ago

AGU parabeniza 3 Poderes por ‘alto nível de diálogo interinstitucional’ sobre desoneração

O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, comemorou na rede social X (antigo…

13 horas ago

Consulta pública para projeto rodoviário da Nova Raposo recebe quase 2 mil contribuições

A consulta pública do projeto da rodovia Nova Raposo, em São Paulo, contou ao todo…

13 horas ago

Susep suspende por 30 dias prazos de processos sancionadores para seguradoras do RS

A Superintendência de Seguros Privados (Susep) aumentou prazos e suspendeu entregas de materiais regulatórios para…

13 horas ago

Febraban: doações de associados para socorro ao Rio Grande do Sul chegam a R$ 145 mi

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e bancos associados à entidade já doaram R$ 144,6…

13 horas ago