O Facebook e a aceleradora Baita, com sede na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), anunciam nesta quinta-feira, 26, as dez startups que serão desenvolvidos por meio do seu programa Campo Digital. Dentre as iniciativas selecionadas, antecipadas ao Broadcast Agro, estão uma fintech que usa dados para reduzir o risco e as taxas de juros de empréstimos a agricultores, uma startup que utiliza drones para melhorar a produtividade, e um marketplace (shopping virtual) de colmeias, que conecta produtores de girassol e morango a apicultores, para que abelhas polinizem a plantação e os fornecedores tenham maior renda.
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O projeto Campo Digital, anunciado no fim de setembro no Brasil, busca soluções digitais para o agronegócio brasileiro focadas em pequenos e médios produtores. É o primeiro programa do Facebook de aceleração de startups com soluções para agricultura na América Latina e, a depender dos resultados, poderá dar origem a outras ações semelhantes no Brasil e na região.
Segundo a companhia, participaram do processo seletivo empreendedores de todo o País. Membros da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), da Embrapa Informática Agropecuária e do Instituto de Pesquisas Eldorado também avaliaram se as soluções propostas de fato ajudavam a contornar gargalos enfrentados pelos agricultores e se atendiam ao objetivo do programa, de melhorar produtividade, eficiência ou sustentabilidade no campo.
“As pequenas propriedades geram 67% dos empregos no setor agropecuário e produzem 70% dos alimentos consumidos no Brasil, de acordo com o Censo Agropecuário do IBGE. Vemos uma oportunidade para fomentar a inovação digital nesse setor tão vital da economia brasileira”, diz a gerente de políticas públicas do Facebook, Andréa Leal. A executiva comentou que uma pesquisa da consultoria McKinsey, de maio deste ano, mostrou que apenas um terço dos produtores considera comercializar seus produtos de forma online. “Há um potencial enorme de ganho de eficiência e escala com o uso de ferramentas digitais”, enfatiza ela.
As startups selecionadas passarão os próximos quatro meses recebendo mentoria da Baita, e também do Facebook, o que incluirá orientação para definir metas e avaliar o modelo de negócio, palestras, workshops e networking com profissionais do agronegócio. As empresas contarão, além disso, com capacitação técnica de especialistas da Esalqtec, incubadora de empresas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq), e da Unicamp, ambas reconhecidas pela formação de profissionais do agronegócio.
Em abril do ano que vem, ao fim do programa, as startups definirão, com a Baita, os passos seguintes para oferecer as soluções de forma independente. No evento de conclusão do programa, o Demoday, os fundadores apresentarão seus modelos de negócio para um painel de especialistas e investidores formado por representantes da CNA, do BID Lab (laboratório de inovação do Grupo Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID), assim como dos fundos SP Ventures, Yield Lab e outros focados em agtechs.
Veja abaixo as startups escolhidas:
E-ctare – São Sebastião do Paraíso (MG)
Agfintech que origina operações de crédito, como antecipação de safra ou recebíveis do agro. Seus mecanismos tecnológicos de mitigação de risco garantem maior segurança aos investidores.
ManejeBem – Florianópolis (SC)
Por meio de plataformas digitais, auxilia a transformação digital de comunidades rurais, a estruturação e o desenvolvimento sustentável de cadeias produtivas. A ManjeBem dissemina conhecimento, facilita a assistência técnica agrícola e organiza os dados sociais, agrícolas e ambientais com o propósito de gerar renda e qualidade de vida a pequenos agricultores.
AgroBee – Ribeirão Preto (SP)
Oferece serviços de polinização assistida com abelhas para cultivos agrícolas. É um marketplace de abelhas que conecta criadores de abelhas a produtores rurais de diversas culturas, como café, soja, girassol, morango, aumentando a produtividade da lavoura de forma sustentável e contribuindo para o aumento de renda dos apicultores.
Lucro Rural – Cuiabá (MT)
Organiza as finanças e as obrigações fiscais dos produtores, mostrando oportunidades mais rentáveis em compra e venda, além da relação de troca de produtos e insumos. Também oferece análises sobre custos de financiamentos e saúde financeira que melhoram o relacionamento do produtor com o mercado de crédito.
Campotech – Santa Rita do Sapucaí (MG)
Com foco no pós-colheita, foi pioneira no desenvolvimento de soluções para a cultura do café, que reduzem o custo de produção, diminuem a emissão de poluentes e elevam o padrão de qualidade dos produtos. Conta com recursos para secagem de grãos, atuando na automação dos secadores.
AgroRaptor – Curitiba (PR)
É uma solução que utiliza drone próprio e plataforma de processamento e diagnóstico por imagens com mais de 25 índices vegetativos. É acessível aos produtores, por dispensar a compra de drones e computadores. A tecnologia de imagens traz redução de custos e aumento de produtividade, ao facilitar melhor manejo, escolha de cultivares, fertilizantes e defensivos.
Raizs – São Paulo (SP)
Plataforma online que conecta o pequeno produtor de orgânicos ao consumidor na cidade. Atuando como organizador da cadeia, reduz o tempo da colheita até o consumo, entregando produtos mais frescos e evitando desperdício, além de oferecer um melhor preço ao consumidor e ao produtor, por eliminar intermediários.
TerraMagna – São José dos Campos (SP)
A TerraMagna vem mudando a forma como o crédito é subscrito, concedido e cobrado na agricultura brasileira, usando tecnologia e fontes de dados alternativas para transformar um processo arriscado e volátil em uma experiência simples e segura. Distribuidores, agroindústrias e agricultores têm acesso a crédito a custo justo e os investidores têm ativos de alto rendimento.
NONG – Distrito Federal (DF)
A NONG se propõe a democratizar a agricultura de precisão por meio de mapeamento aéreo com drones, gerando rastreabilidade e ajudando na tomada de decisão do produtor rural.
ELYSIOS – Porto Alegre (RS)
A Elysios desenvolve o “caderno de campo digital” para agricultores familiares e médios, ferramenta de monitoramento e gestão integrada para cooperativas, agroindústrias e consultores, garantindo maior valor para todos na cadeia através de certificações e origem rastreada do produto, do campo ao consumidor.
Por Clarice Couto
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