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Eleições nos EUA: analistas veem riscos de batalha judicial e alta dos juros

As eleições nos Estados Unidos nesta terça-feira (3) são fonte de cautela devido às incertezas pela possibilidade de judicialização ou demora no reconhecimento de um vencedor, o que provocaria alta do dólar e dos juros, simultaneamente à queda da Bolsa, segundo avaliação de analistas.

Para Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante, o investidor precisa ficar atento ao risco de contestação do processo eleitoral. “Uma novela de judicialização dos resultados seria péssimo, pois acarretaria choque de confiança e incerteza, prejudicando a retomada da economia e tendo impacto nos preços dos ativos”, disse em vídeo o cofundador da casa de análise.

As bolsas dos EUA poderiam cair até 10% caso a disputa eleitoral se arrastasse até o início de 2021, avalia Nouriel Roubini, professor da Stern School of Business da Universidade de Nova York. “Mais ameaçadora é a perspectiva de um resultado muito contestado, com ambos os lados se recusando a ceder enquanto travam terríveis batalhas jurídicas e políticas nos tribunais, na mídia e nas ruas”, afirmou o economista em artigo.

Roubini lembra que na corrida presidencial norte-americana contestada em 2000 só houve desfecho em 12 de dezembro, quando a Suprema Corte decidiu em favor do republicano George W. Bush contra o adversário democrata, Al Gore. Neste período, o índice Dow Jones caiu mais de 7%.

Recomendações

Caso este cenário de instabilidade se concretize, os estrategistas do BB Investimentos Henrique Tomaz e Richardi Ferreira recomendam, em relatório, a compra de ativos atrelados ao dólar, como ações de empresas exportadoras e fundos cambiais, ou títulos pós-fixados, que se favorecem de uma possível elevação das taxas de juros.

Estresse nos juros

André Perfeito, sócio e economista-chefe da corretora Necton, chama a atenção para possíveis consequências do pleito no ambiente político interno do Brasil – já tumultuado pela piora grave das contas públicas -, apontando para o alinhamento de Jair Bolsonaro com Donald Trump.

“Se Trump ganhar, o bolsonarismo poderá se sentir mais sólido e assim manter um tom fiscal mais austero, já se Biden ganhar irá se criar o clima para que, em 2022, uma coligação de centro-esquerda ganhe no Brasil, tornando assim menos crível ajustes de longo prazo”, comenta Perfeito em nota a clientes.

Reforço ao ESG

Na visão de Tomaz e Ferreira, do BB Investimentos, uma eventual vitória do democrata Joe Biden beneficiaria ações de empresas ligadas às boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês). Eles destacam também que a retomada de acordos multilaterais seria bem-vinda para mercados emergentes, especialmente aqueles com economias mais abertas.

“Por outro lado, os incentivos à economia de energia limpa e renovável e o fim dos subsídios para combustíveis fósseis poderiam prejudicar o desempenho de empresas ligadas à cadeia de petróleo”, ressalvam os estrategistas.

Continuidade

Na hipótese de reeleição de Trump, a dupla do BB Investimentos reitera o viés do atual presidente dos EUA mais “pró-mercado” e comprometido com a melhoria do ambiente de negócios. Uma provável reação positiva do índice S&P500 viria a seguir, com destaque para os setores bancário, de saúde e de tecnologia.

Redação Mercado News

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