Se os estrategistas democratas quiserem sinalizar a união das diferentes alas do partido e garantir o voto de eleitores de esquerda, que se identificavam mais com o senador Bernie Sanders, Joe Biden pode escolher a senadora Elizabeth Warren, que também concorreu nas prévias. O aceno, no entanto, pode afastar eleitores independentes e de centro, com a perspectiva de que o futuro governo pode estar disposto a aderir a políticas mais radicais.
Da ala esquerda, a extensa lista de cotadas inclui estrelas em ascensão, como a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, a prefeita de Atlanta, Keisha Bottoms, e a deputada da Flórida, Val Demings.
Entre as cogitadas constam também Stacey Abrams, que perdeu por pouco a eleição para o governo da Geórgia, em 2018, as senadoras Tammy Baldwin e Tammy Duckworth, Michelle Lujan Grisham, a primeira governadora latina dos EUA, do Novo México, e a ex-governadora do Arizona Janet Napolitano.
Nomes do Meio-Oeste, como da governadora de Michigan, ganham força por serem ligados a Estados do Cinturão da Ferrugem, que trocaram Barack Obama por Donald Trump, em 2016.
A ideia de equilibrar a chapa com a escolha do vice – seja por razões geográficas ou ideológicas – fez parte da história americana. No livro Picking the Vice-President (“Escolhendo o vice-presidente”, em tradução livre), Elaine Kamarck argumenta que a lógica durou até 1992, quando Bill Clinton mudou a forma de escolha e selecionou Al Gore com base na compatibilidade e parceria.
O novo modelo, segundo ela, foi repetido por George W. Bush, Obama e Trump.
A razão para a mudança é ligada a alterações no sistema de nomeação do candidato. O crescimento da relevância das primárias e o esvaziamento da convenção partidária diminuíram a pressão pela barganha em busca do equilíbrio da chapa, segundo a autora.
O ideal é encontrar um vice que seja capaz de equilibrar a chapa e seja um bom parceiro. Desde 1992, segundo Kamarck, o segundo quesito tem se sobreposto ao primeiro.
“Biden, melhor do que ninguém, sabe o quanto é importante ter alguém com quem ele possa trabalhar e seja um aliado leal. Ele era essa pessoa para Obama e foi um trunfo em negociações com o Congresso e aconselhamento sobre política externa. Biden entende o papel importante que o vice pode desempenhar”, afirma Christopher Devine, professor de ciências políticas da Universidade de Dayton. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Beatriz Bulla, correspondente
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