Economia

A solução para a Oi está no mercado

A semana começa com uma notícia relevante no mercado corporativo. As operadoras de telefonia TIM, Vivo e Claro informaram no sábado (18) que apresentaram uma oferta em conjunto para adquirir as operações de telefonia móvel da Oi, que está em recuperação judicial. A proposta conjunta quer comprar todos os ativos dessa unidade, que atende 36,6 milhões de clientes no País.

Além dos impactos claros para as ações do setor, a notícia representa um divisor de águas para o panorama corporativo brasileiro. Será a primeira vez na história da moderna economia brasileira que um endividamento empresarial dessas proporções será enfrentado por meio de uma solução de mercado. O Estado, desta vez, vai atuar apenas na regulação do setor. As eventuais diferenças serão resolvidas no Judiciário, nas câmaras de arbitragem e no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A mudança é profunda. No Brasil de há apenas alguns anos, haveria um forte lobby no Legislativo, no Executivo e perante a opinião pública para “salvar” a Oi. Claro, a expensas da Viúva (“o meu, o seu, o nosso”, como diria Armínio Fraga). Agora, o dinheiro envolvido é dos acionistas das empresas, todos eles da iniciativa privada. Alguns vão ganhar e outros vão perder. Isso faz parte das regras do jogo.

Se alguma das empresas envolvidas vier a quebrar no decorrer do período, será uma tragédia para trabalhadores e fornecedores, um prejuízo para os investidores e um aborrecimento para os clientes. No entanto, o fato de o dinheiro de todos os brasileiros (proprietários ou não de celulares da Oi) não estar envolvido no processo representa uma mudança na maneira de fazer as coisas.

O gestor de fundos americano Howard Marks, fundador da Oaktree Capital Management, definiu isso em uma frase: “Capitalismo sem falência é como catolicismo sem inferno”. A partir do episódio da Oi – que foi doloroso para muitos dos envolvidos – os gestores das maiores companhias brasileiras estarão atentos ao fato de que não têm permissão para errar indefinidamente. Se tiverem em suas mentes a convicção de que não estão a salvo do inferno capitalista chamado falência, eles não vão prosseguir cometendo pecados na gestão e na maneira de tratar os acionistas minoritários.

As projeções para a economia brasileira continuam melhorando. A edição mais recente do Boletim Focus, do Banco Central (BC), divulgada nesta segunda-feira (20), mostra uma retração menor na economia do que o previsto na edição anterior. Agora, o encolhimento previsto do Produto Interno Bruto (PIB) é de 5,95%. É um resultado levemente melhor do que o encolhimento de 6,10% da semana anterior e também é a terceira melhora consecutiva. Outro ponto a destacar é que essa melhora veio sem que se alterassem os prognósticos para a inflação medida pelo IPCA, que permanece em 1,72%. As estimativas também não se alteraram para a taxa de câmbio para dezembro, que permanece em R$ 5,20, e na taxa de juros referencial Selic, cuja estimativa para dezembro permanece em 2%.

Apesar das notícias positivas com relação à Oi e dos indicadores mostrarem investidores mais otimistas, o pregão desta segunda-feira começa com uma leve baixa. A volatilidade deve ser amplificada pelo vencimento das opções de ações.

 

Redação Mercado News

Recent Posts

Justiça nega pedido por AGE na Petrobras que protelaria posse de Magda Chambriard

A Justiça Federal negou um pedido de decisão liminar que poderia obrigar a Petrobras a…

13 horas ago

Visões de Maria, estátuas que choram; veja novas regras do Vaticano para validar evento sobrenatural

O Vaticano revisou na sexta-feira, 17, o processo de avaliação de supostas visões da Virgem…

18 horas ago

Reguladores e setor bancário dos EUA devem focar em riscos mais críticos, diz diretora do Fed

A turbulência bancária ocorrida no ano passado nos Estados Unidos ilustra claramente que supervisores e…

23 horas ago

ABBC diz que redução no teto do consignado INSS prejudica bancos de menor porte

A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) afirma que as reduções do teto dos juros do…

1 dia ago

Governo enviará MP para flexibilizar lei de licitações em casos de calamidade, diz ministra

A ministra da Gestão, Esther Dweck, anunciou que o governo federal enviará uma Medida Provisória…

1 dia ago

AGU parabeniza 3 Poderes por ‘alto nível de diálogo interinstitucional’ sobre desoneração

O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, comemorou na rede social X (antigo…

2 dias ago