Donald Trump iniciou na sexta-feira, 3, as comemorações do dia da independência com um foguetório em Monte Rushmore, diante das efígies de ex-presidentes esculpidas na rocha, e promove nesate sábado, 4, uma festa para milhares de pessoas em Washington. A celebração do feriado de 4 de Julho, porém, ocorre no momento em que os EUA registram recorde de novos casos de covid-19 e governadores e prefeitos impõem restrições de movimento.
Na sexta, as notificações de coronavírus: em 24 horas, foram mais de 50 mil infectados. Juntos, Arizona, Califórnia, Florida e Texas são responsáveis por quase 30 mil novas contaminações por dia. Ao todo, segundo o Washington Post, 11 Estados entram no feriado deste fim de semana com recorde diário de infecções.
Em 40 dos 50 Estados americanos, a curva de novos casos cresce, em vez de diminuir, de acordo com levantamento do New York Times. Nas últimas duas semanas, o total de novas contaminações cresceu 90%. O governo americano garante que o avanço da pandemia é causado pelo aumento no número de testes e indica como razão do otimismo a taxa de mortalidade, que vem se mantendo estável.
Especialistas, no entanto, dizem que, apesar do aumento no número de testes, a quantidade proporcional de resultados positivos para covid-19 vem crescendo. No Texas, por exemplo, a positividade aumentou de 5% para cerca de 15% em uma semana. Outra preocupação é com o aumento no índice de internações, que cresce rapidamente em vários Estados e coloca em risco a capacidade dos hospitais.
Ontem, o vice-almirante Jerome Adams, espécie de conselheiro da presidência para assuntos de saúde pública, explicou que o número de mortes é menor, possivelmente porque a faixa etária dos infectados caiu. Se no início da pandemia a maioria dos contaminados tinha mais de 60 anos, agora eles têm em média 35 anos – e correm menos risco.
“Mas é preciso cautela”, disse Adams ao programa Fox & Friends, um dos favoritos de Trump. “Sabemos que as mortes ocorrem duas semanas depois do aumento das contaminações.” Além disso, a preocupação, segundo ele, é que esses jovens sirvam de vetor para contaminar os pais ou os avós.
A celebração de ontem, no Monte Rushmore, organizada para 7,5 mil pessoas, não seguiu os protocolos de distanciamento social e não foi obrigatório o uso de máscara. A epidemiologista Celine Gounder qualificou as comemorações do feriado como “irresponsáveis”. “Trump parece o líder de um culto que pede que seus seguidores pulem de um abismo, enquanto ele usa uma rede de proteção. Ele e todos ao seu redor são testados todos os dias”, disse Gounder.
Hoje, Trump e a primeira-dama Melania promovem uma festa batizada de “Saudação à América”, diante da Casa Branca, para milhares de pessoas. A organização pretende distribuir 300 mil máscaras – embora não esteja claro se o uso será obrigatório. Os organizadores prometeram uma queima de fogos de artifício e acrobacias aéreas dos esquadrões Blue Angels e Thunderbirds.
Além do risco de contaminações, autoridades locais também estão de olho em manifestações em Washington – há mais de 20 marcadas para hoje na capital, incluindo uma marcha do movimento Black Lives Matter. Apesar do bloqueio de ruas e do forte esquema de segurança, o risco de confronto é alto. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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