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Johnson volta pedindo a britânicos que sigam em quarentena para evitar 2ª onda

Em seu primeiro discurso depois que voltou a comandar o Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson avaliou na manhã desta segunda-feira, 27, que o país termina de passar pelo momento de auge do impacto da pandemia de coronavírus e alertou que este possa ser o período de “risco máximo”, já que as pessoas passam a considerar que o pior já passou e que poderia ser a hora de afrouxamento das medidas de distanciamento social.

Falando diretamente para os que estão sentindo os efeitos econômicos da doença, como lojistas e pessoas que dependem da continuidade do trabalho para sobreviver, o premiê pediu mais apoio para a manutenção da quarentena.

“Devemos reconhecer o risco de um segundo pico, o risco de perder o controle desse vírus e deixar a taxa voltar porque isso significaria não apenas uma nova onda de mortes e doenças, mas também um desastre econômico e seríamos forçados mais uma vez a pisar no freio em todo o país e em toda a economia e voltar a impor restrições de forma a causar danos mais duradouros”, considerou.

“Eu sei que é difícil e quero que essa economia se mova o mais rápido possível, mas me recuso a jogar fora todo o esforço e o sacrifício do povo britânico e arriscar um segundo grande surto e uma enorme perda de vidas e peço e você que contenha sua impaciência porque acredito que estamos chegando agora ao fim da primeira fase desta batalha”, disse na frente da porta de Downing Street, o endereço oficial do governo.

Johnson esteve afastado do comando do país por 20 dias e, nos últimos deles ficou em sua casa de campo para se reabilitar da infecção por covid-19, que o levou a ficar sete dias no hospital, dos quais três em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). No seu lugar estava o ministro das Relações Exteriores e Secretário de Estado, Dominic Raab. “Lamento ter estado longe da minha mesa por muito mais tempo do que gostaria e quero agradecer a todos que intensificaram seus trabalhos, em particular Raab, que fez um ótimo trabalho.”

Considerando o surto como “o maior desafio que este país enfrentou desde a guerra” e citando sua experiência pessoal, o premiê disse que não minimizaria os problemas contínuos que estão sendo enfrentados por todos. Ele afirmou também que pode ver as consequências a longo prazo do bloqueio de forma tão clara quanto qualquer outra pessoa e enfatizou que a urgência dessas pessoas também é a urgência do governo.

“Sei o quão difícil e estressante tem sido desistir, mesmo que temporariamente, dessas liberdades antigas e básicas: não ver amigos, entes queridos, trabalhando em casa, gerenciando as crianças, se preocupar com o seu trabalho e sua empresa”, citou. “Deixe-me dizer diretamente para as empresas britânicas, aos lojistas, aos empreendedores, ao setor de turismo, para todos de quem nossa economia depende: entendo sua impaciência, compartilho sua ansiedade e sei que sem o nosso setor privado, sem o impulso e o compromisso dos criadores de riqueza deste país, não haverá economia, não haverá dinheiro para pagar nossos serviços públicos, nenhuma maneira de financiar nosso NHS (como é conhecido o Sistema Nacional de Saúde).”

O primeiro-ministro destacou que, sem as medidas de distanciamento social, o impacto da doença teria sido muito maior e ele comemorou o sucesso do achatamento do pico da doença. A segunda fase da estratégia do governo para a pandemia, conforme ele, só será aplicada por Downing Street quando houver a certeza de que a primeira fase acabou, que os testes estão sendo feitos, que o número de mortes está caindo, que o NHS está protegido, que a taxa de infecção é baixa e que se evitará um segundo pico. “Então será a hora de passar para a segunda fase”, disse, acrescentando que, mesmo assim, será preciso um esforço para continuar a suprimir a doença.

A ideia nessa ocasião, de acordo com Johnson, é começar gradualmente a abrir as restrições econômicas e sociais. Ele considerou, no entanto, que durante esse processo serão feitos julgamentos difíceis. No momento, afirmou, não é possível dizer o quão rápidas essas alterações serão feitas ou mesmo quando serão feitas.

O premiê garantiu, porém, que o governo falará mais sobre o assunto “nos próximos dias”. “Quero enfatizar agora que essas decisões serão tomadas com a máxima transparência possível”, afirmou, encerrando o discurso avaliando que o Reino Unido emergirá deste período “mais forte do que nunca”.

Por Célia Froufe, correspondente

Estadão Conteúdo

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