O quadro de saúde do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, é de melhora, mas ele segue na UTI, de acordo com o Número 10 de Downing Street, o endereço oficial do governo local. Diagnosticado com Covid-19, o premiê se autoisolou em casa até que a piora dos sintomas o levou para o hospital no domingo, sendo removido para a unidade de tratamento intensivo no início da noite de segunda-feira.
Ontem à noite, Downing Street informou que Johnson continuava a ter progresso e o ministro da Cultura, Oliver Dowden, disse em várias entrevistas nesta manhã que ele que estava “razoavelmente bem”. O ministro de Estado, Dominic Raab, que substitui o premiê em caso de afastamentos, também comentou que ele já interagia com a equipe médica. Raab presidirá o Cobra nesta quinta-feira, como é conhecido o comitê do governo britânico para assuntos emergenciais – neste momento, a pauta principal é o coronavírus.
Havia a expectativa de que o governo fizesse na segunda-feira uma avaliação sobre o período de quarentena, após três semanas de seu início, mas com o distanciamento de Johnson, não há perspectiva de que isso ocorra. Pela lei criada de forma urgente para estruturar o bloqueio, o Executivo tem até dia 16 para apresentar uma análise ao Parlamento. O Cobra, no entanto, deve sinalizar que o confinamento continuará por semanas, apesar dos crescentes temores sobre o impacto econômico.
Pico – Há essa expectativa porque dados estatísticos apontam que o Reino Unido está se aproximando cada vez mais do período de pico de número de infecções e mortes. Ontem, 938 pessoas morreram em decorrência da doença no país, um saldo maior do que o teto diário de 919 na Itália, o país europeu mais atingido pelo coronavírus até o momento. Pesquisas de opinião locais revelam o apoio da população ao bloqueio, ainda que haja muita preocupação em relação à economia.
Mesmo assim, a polícia está preocupada com a proximidade do feriado de Páscoa, para quando a previsão meteorológica aponta para um fim de semana ensolarado. Há preocupação de que os britânicos acabem sendo estimulados pelo clima a saírem de suas casas e irem a parques e praias. Por isso, há uma pressão dos oficiais para que o governo proíba que as pessoas dirijam longas distâncias e também que as impeçam de fazer exercícios nas ruas – o que é permitido uma vez ao dia, de forma isolada, ou, no máximo, com a companhia de alguém que more na mesma residência.
No fim de semana passado, quando também houve muita incidência de sol, vários órgãos do governo foram às redes sociais pedirem aos britânicos que resistissem “à tentação” e permanecessem em suas casas. Há a expectativa agora de que seja lançada uma campanha publicitária “Fique em casa nesta Páscoa”.
Por Célia Froufe, correspondente
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