Economia

Dólar e ouro: comprar ou não?

A pandemia do coronavírus mexe com os mercados ao redor do mundo desde o começo do ano, quando a China registrou os primeiros casos da doença. Mas o ápice da crise veio após o Carnaval, com as bolsas registrando muitos tombos. O Ibovespa fechou março acumulando queda de 29,90%, aos 73,019 pontos. Foi a maior queda num só mês desde 1998, em meio à crise russa. Março foi de perdas, porém, abril começou com sinais de recuperação nos pregões globais, inclusive no Brasil. Agora, a expectativa dos especialistas fica ainda mais concentrada no progresso do controle da pandemia e nos estímulos dos governos para conter os impactos da crise.

O trader Jefferson Laatus, sócio fundador do Grupo Laatus, não considera o momento apropriado para investir em dólar e em ouro. “Estamos em um momento em que o dólar está muito esticado, o ouro também está super esticado, tanto que não vale a pena estar em fundos de ouro, assim como não está valendo a pena estar em fundos de dólar”, afirma.

Segundo Laatus, devido a crise causada pela Covid-19, os mercados estão devolvendo muito prêmio. “O Ibovespa já devolveu quase 50% de todo o prêmio que ele fez nos últimos anos, o dólar subiu e permanece acima dos R$ 5”, diz, citando como positivas e importantes as medidas que estão sendo tomadas por parte dos governos globais para amenizar o risco econômico gerado pela pandemia.

Na avaliação do trader, como as bolsas já caíram muito em março, o mercado já viveu essa ressaca. Agora, com os estímulos dos governos, os mercados estão começando a se recuperar. “Apostar em uma compra de dólar ou ouro agora não está valendo a pena justamente por que o boom desse movimento já passou”, destaca. De acordo com Laatus, muita gente já está percebendo essa recuperação nos mercados e começando a se defazer das suas posições lucrativas de ouro e aos poucos voltando a tomar risco, que é comprar bolsa.

Já o economista-chefe e sócio do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira, aposta que a tendência do dólar é de melhorar. Segundo ele, quando o mundo sair da crise, os Estados Unidos, que saiu na frente nas medidas econômicas, deve ser um dos primeiros países a ter a recuperação. “O dólar pode se valorizar em relação a outras moedas”, afirma.

A opinião de Almeida sobre a compra de ouro é um pouco mais cuidadosa. Segundo ele, o ouro, que sempre funcionou como uma possibilidade de proteção, até nesses momentos tem caído bastante devido à necessidade do investidor de levantar recursos para cobrir posições e perdas em outros mercados. “Acho que o ouro é você apostar no contrário, na situação pior. E eu acho que temos de estar sempre buscando a situação melhor”, diz.

Para o analista de investimento da Mirae Asset, Pedro Galdi, passada a crise, o valor desses ativos deve ceder. “Na crise eles sempre se valorizam. Então, o investidor deve ter cautela. No curto prazo, tudo bem; no médio, nem tanto; no longo prazo, vale como diversificação da carteira”, afirma.

O analista de investimentos na Necton, Gabriel Ribeiro, observa que o dólar e o ouro devem representar apenas uma pequena parte do portfólio de um investidor em qualquer cenário de mercado. “É uma forma de proteção pela característica de descorrelação que eles apresentam com os índices acionários”, afirma.

A recomendação de Ribeiro dialoga com a do analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, que considera importante sempre deixar separado uma parte do portfólio para os hedges naturais como dólar e ouro. “A questão é que a busca por tais (ouro e dólar) deve ser feita quando da realização do investimento, não em momentos onde a volatilidade do mercado está em alta. Como se fossem um seguro, a atuação de tais instrumentos acaba protegendo o portfólio em momentos de maior estresse”, afirma.

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Geovana Pagel

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