O diplomata Celso Lafer, ex-ministro das Relações Exteriores nos governos Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso, afirmou nesta segunda, 9, que a diplomacia do governo do presidente Jair Bolsonaro rompe a tradição do Itamaraty por ser de “enfrentamento”.
“A política externa que Bolsonaro conduz é uma diplomacia de combate. A tradição no Brasil é a diplomacia de cooperação, que traduz necessidades internas em possibilidades externas”, afirmou o ex-chanceler na aula inaugural para alunos do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI-USP). Cooperação entende-se, por exemplo, como a solução pacífica de controvérsias, a prevalência dos direitos humanos e a não intervenção. “Princípios que embasam a tradição diplomática no Brasil e não se inserem, com elegância hermenêutica, na diplomacia de combate.”
O professor da Faculdade de Direito da USP explicou que em um cenário internacional complexo – com tensões nas altas esferas de poder, como a disputa entre EUA e China e os conflitos no Oriente Médio – é preciso promover o diálogo. “Não tem como resolver esses assuntos a não ser mediante um esforço de entendimento. Uma diplomacia construtiva, como o Brasil deveria fazer e é de sua tradição, seria importante para ajudar a criar um clima nesse sentido.”
O ex-chanceler destacou ainda que ao Brasil interessa o bom funcionamento do sistema internacional e ressaltou que o País tem construído sua participação global por meio de sua vocação pacífica. Para Lafer, a política de combate “afasta e não agrega, mais subtrai do que qualquer outra coisa”. “O presidente conduz sua estratégia de governo da mesma maneira como conduziu sua estratégia eleitoral: pela polarização”, disse.
Lafer afirmou que é pouco provável alcançar um expressivo número de membros da comunidade internacional com tal abordagem. Ele também citou a vinculação entre Bolsonaro e Donald Trump, qualificada como “excessiva” e “não contribui para a maior presença do Brasil no mundo”.
Sobre meio ambiente, Lafer indicou que a posição do Brasil afeta as negociações, como o acordo Mercosul-União Europeia. “A maneira pela qual o governo conduz a temática tende a fortalecer a resistência.”
Ele também citou a reação dos consumidores e de fundos de investimento ao não comprarem e não investirem em companhias caso desaprovem seus padrões de sustentabilidade. “É muito significativo e traduz uma restrição de recursos para o Brasil.”
Por Paulo Beraldo
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