A liga de futebol profissional do Japão (J-League) anunciou o adiamento de jogos da Copa da Liga e das três divisões do campeonato nacional marcadas entre sexta-feira (28) e 15 de março. O surto do novo coronavírus (Covid-19) no país motivou a decisão, segundo comunicado.
“Especialistas médicos do governo declararam que as próximas duas semanas serão críticas no combate à disseminação do vírus. A J-League não medirá esforços para tomar medidas de prevenção e preparar o retorno dos jogos”, diz a nota.
Ao todo, 94 partidas foram adiadas. Três envolvem o Tokushima Vortis, clube da J2 (segunda divisão), que tem como preparador físico o paulista Carlos Suriano. A pausa temporária do torneio, porém, não paralisou o trabalho.
“Alguns clubes deram uns dias a mais de folga. A gente optou por não parar. Como tivemos uma só rodada disputada, achamos melhor dar sequência ao planejamento iniciado na pré-temporada, mesmo sem as partidas oficiais”, explicou à Agência Brasil.
“Tínhamos programado amistosos para dar ritmo aos reservas, então vamos utilizá-los em jogo-treino para os titulares, visando mantê-los em condição”, completou.
Novo coronavírus mata 5 no Japão
De acordo com a agência de notícias NHK, até 0h desta quarta-feira (26), foram registradas cinco mortes e 862 infecções causadas pelo Covid-19 no Japão – que é sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos deste ano.
Entre os casos, 691 envolvem passageiros e tripulantes do navio Diamond Princess, que esteve atracado em quarentena no porto de Yokohama, após chegar de Hong Kong.
O mais recente é de uma mulher de 61 anos que é justamente de Tokushima, cidade onde vive o brasileiro Carlos Suriano há cerca de seis anos.
Apesar do aumento dos casos confirmados no país, o preparador físico sente a população assustada, mas não desesperada.
“O Japão lida com esse tipo de coisa. O pessoal não entra em pânico, tenta fazer o mais correto possível. Eles estão tomando os cuidados necessários. Acho que (o clima) está mais tranquilo do que quando teve (surto de) dengue no interior de São Paulo”, disse o brasileiro, natural de Jaú (SP).
Suriano pondera, no entanto, que a precaução por lá é total. Segundo ele, até atividades diárias com torcedores, como treinos abertos e autógrafos, foram canceladas. “É fato que você já não encontra as máscaras de proteção nas lojas, nas farmácias. E quando encontra, a venda é limitada. Álcool em gel também está difícil de achar”, relatou.
“Minha família chegou há duas semanas. Eu, particularmente, estou tranquilo. Preocupado sim, mas tranquilo”, explicou.
Nesta quarta-feira (26), o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe pediu ao Parlamento o “cancelamento, adiamento ou redução” de eventos esportivos e culturais marcados para as próximas duas semanas. Entre eles, estava um evento-teste da bocha paralímpica para o qual a seleção brasileira da modalidade embarcaria na última segunda-feira (24). A competição não será mais realizada.
Apesar disso, o ministro responsável pelos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, Seiko Hashimoto, garantiu que o cronograma de preparação de Tóquio 2020 segue inalterado.
A posição contrapõe à declaração do mais antigo membro do Comitê Olímpico Internacional (COI), Dick Pound. Na terça-feira (25), ele disse que a realização dos eventos corria risco se a situação não se normalizar até maio.
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