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Chanceler russo visita Venezuela e dá apoio a Maduro

O chanceler russo, Serguei Lavrov, condenou ontem, em Caracas, as sanções econômicas dos Estados Unidos contra a Venezuela e as pressões do governo de Donald Trump para derrubar o presidente socialista Nicolás Maduro. Lavrov também anunciou acordos de cooperação econômica e militar.

“Essas restrições são ilegais e constituem o principal motivo da recessão da economia venezuelana”, disse Lavrov, após se reunir com o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, e com a vice-presidente Delcy Rodríguez, no Ministério das Relações Exteriores. Depois desse encontro, ele esteve com Maduro, no Palácio de Miraflores.

A Rússia é um dos principais aliados de Maduro, cujo o país é alvo de uma série de sanções de Washington, que incluem um embargo de petróleo desde abril de 2019 e um bloqueio financeiro à economia devastada do país caribenho. Desde a ascensão do ex-presidente Hugo Chávez (1954-2013) ao poder, estima-se que os dois países assinaram 300 acordos de cooperação.

Moscou também é o segundo credor da Venezuela, depois da China, com cerca de US$ 7,5 bilhões, segundo estimativas da consultora local Ecoanalítica.

A assistência russa pode ser decisiva para Maduro intensificar a produção petrolífera e restabelecer o crescimento econômico depois de uma surpreendente abertura econômica no ano passado, na sequência de anos de hiperinflação e um êxodo migratório de cerca de 5 milhões de pessoas.

“Acertamos nosso caminho de trabalho futuro para aprofundar nossa cooperação econômica, comercial, de investimentos e em outras esferas, apesar das sanções ilegítimas”, afirmou Lavrov, após a reunião com Maduro. O chefe da diplomacia russa condenou “todo o tipo de chantagem”, em referência às sanções impostas pelos EUA a funcionários do alto escalão do governo chavista.

Entre os setores que devem receber mais investimentos, segundo o chanceler russo, estão energia, recursos naturais, indústria e agricultura.
Todos os aspectos dessa nova cooperação serão estudados pela Comissão Intergovernamental de Alto Nível Rússia-Venezuela, prevista para ser realizada em maio, em Moscou. Além disso, Lavrov disse contar com a presença de Maduro na capital russa em 9 de maio, quando o país fará uma grande festa para comemorar os 75 anos da vitória na 2ª Guerra.

Armas

A reunião de ontem também serviu para que Rússia e Venezuela acertassem um reforço na cooperação militar. O objetivo, de acordo com o chefe da diplomacia do Kremlin, é “aumentar a capacidade de defesa” dos venezuelanos. “É importante desenvolver nossa capacidade de cooperação técnico-militar para aumentar a capacidade de defesa dos nossos amigos contra ameaças externas”, disse Lavrov.

A Venezuela possui ao menos 20 unidades do caça-bombardeiro russo Sukhoi Su-30, cujas características são similares aos dos F-15 Strike Eagle dos EUA, além de armamento antiaéreo e radares de tecnologia da Rússia. Também está sendo construída na Venezuela uma fábrica de fuzis AK-47, arma que já é usada pela Força Armada Nacional Bolivariana (Fanb). Segundo a agência russa Interfax, os contratos no campo técnico-militar entre Rússia e Venezuela estão estimados em US$ 11 bilhões.

Lavrov reiterou o apoio da Rússia à mesa de diálogo entre o governo chavista e um pequeno setor da oposição venezuelana. Para o chanceler, esse é um projeto “apoiado por todos” na Venezuela e que está aberto para contribuições de outros segmentos da sociedade.

Sanções

De acordo com o chanceler russo, as sanções dos EUA têm como objetivo provocar uma “revolta” popular contra Maduro. Segundo Lavrov, o bloqueio das transferências bancárias imposto pelos EUA à Venezuela afetou até “o tratamento do câncer”. “Nossa principal tarefa é prestar atenção a esses problemas e nossa abordagem é que qualquer crise possa ser resolvida por meio de medidas políticas e diplomáticas, por meio do diálogo”, disse.
Ontem, o Departamento do Tesouro dos EUA anunciou que incluiu em sua lista de sanções a companhia aérea estatal venezuelana Conviasa, endurecendo mais as medidas contra o país.

A visita de Lavrov, que esteve anteriormente em Cuba e no México, ocorre depois de Donald Trump receber o opositor venezuelano Juan Guaidó, autoproclamado presidente venezuelano, na Casa Branca nesta semana. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Caracas

Estadão Conteúdo

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