A produção nacional de químicos de uso industrial caiu 5,7% em 2019 em comparação com o ano anterior, segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). É o segundo pior desempenho do setor nos últimos 13 anos. Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora da entidade, diz que o resultado é reflexo da crise econômica no País. Os produtos químicos são usados pela indústria automobilística, construção civil, linha branca, alimentos e embalagens, entre outros.
De acordo com os dados, além da produção, a demanda por produtos químicos de uso industrial caiu 7,3% e as vendas internas tiveram retração de 1,8%, no mesmo período de comparação. Já as importações cresceram 6,4%, em volume, passando a ocupar 43% da demanda interna por químicos, novo recorde do setor. Segundo a Abiquim, em 2006 as importações tinham peso de 21% sobre o volume de demanda interna e, no início da série, em 1990, de apenas 7%.
A atividade interna fraca levou as empresas a buscaram alternativas para manter suas unidades em operação mínima, sendo que a utilização da capacidade instalada registrou o pior patamar desde o início da série de acompanhamento em 1990, com 70% em média em 2019, resultando em um recorde de ociosidade de 30%, segundo a Abiquim. Desde 2008, o uso médio da capacidade tem se situado em um patamar considerado baixo, variando entre 70 e 83%.
Perspectivas
As mudanças no ambiente político e econômico nacional e a aprovação e implementação de algumas medidas permitem prever melhoras no curto e médio prazo, segundo a entidade.
“A química é fortemente dependente de matérias-primas e de insumos energéticos, o que explica boa parte da baixa dinâmica e falta de competitividade dos últimos anos. Mas o Programa Novo Mercado de Gás deverá modificar o cenário do setor de óleo e gás nacional, com possibilidade de atração de investimentos em infraestrutura e, principalmente, na elevação da oferta de energia, dois pontos fundamentais para a competitividade do País e da química”, diz diretora da Abiquim, acrescentando que há perspectiva de melhores condições macroeconômicas, como recuo da inflação e dos juros, além do aumento da atratividade externa pelo Brasil.
Fátima afirma que no fim de dezembro, o setor conseguiu um importante resultado na Bahia com a edição de medidas da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), que concedem novas condições de fornecimento e tarifas menores para o gás natural no Estado, em vigor desde 1º de janeiro de 2020. “As medidas promoveram a redução da tarifa de gás no Estado, tanto em termos de molécula quanto em temos de margem de distribuição, contemplando parte das reivindicações do setor.”
Por Wagner Gomes
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