Ganhar em Iowa é importante para quem pretende ser o candidato democrata a disputar a Casa Branca contra Donald Trump. Vencer conquistando apoio na classe trabalhadora, esteja ela nas grandes cidades ou não, é mais. A preferência de eleitores democratas na região mostra as fissuras de um país dividido entre centros urbanos, subúrbios de alta escolaridade, regiões industriais e campo.
Neste Estado, começa a ser definido nesta segunda-feira, 3, quem enfrentará Donald Trump em 3 de novembro. Bernie Sanders demonstra força entre os trabalhadores, mas tem sofrido com o avanço dos demais candidatos nos condados ligados à manufatura – especialmente do seu principal rival no Estado, o ex-vice-presidente Joe Biden.
A luta é para mostrar quem conta com a preferência dos “blue-collar” (expressão que designa a classe trabalhadora, em especial o operariado) e, portanto, teria força para reconquistar de Trump os Estados ligados à indústria pesada do Cinturão da Ferrugem, como a Pensilvânia. O partido, historicamente mais próximo da classe operária, afastou-se desse eleitorado nos últimos anos.
As grandes cidades e os subúrbios – regiões com renda e escolaridade acima da média nacional – são o teste da preferência do eleitor democrata padrão. As campanhas deste ano seguem os passos do sucesso de Barack Obama. Em 2008, ele conseguiu mostrar em Iowa que poderia levar a capital, mas também os condados ligados à indústria. Iowa, embora seja uma potência agrícola, tem experimentado um processo de urbanização, como o restante do país.
O campo é considerado um importante reduto trumpista onde o esforço de campanha não necessariamente será recompensado em novembro. Iowa é menos urbano do que a maioria dos Estados. Nacionalmente, mais de 80% dos americanos vivem em áreas urbanas. Em Iowa, 64%. O setor rural é fiel ao Partido Republicano e foi importante para a eleição de Trump. Os democratas sabem que podem perder Iowa nos votos do Colégio Eleitoral no final do ano, mas largar com o apoio de diferentes setores da sociedade é um trunfo.
Campanha
Pouco antes das 11 horas do sábado, Bernie Sanders surpreendeu membros do AFSCME, maior sindicato de trabalhadores do setor público. Um evento com representantes de cada uma das campanhas acontecia em West Des Moines e as pizzas do lado de fora da sala de eventos já haviam esfriado quando Sanders chegou. Ele foi o único candidato entre os bem posicionados nas pesquisas a aparecer para falar com o grupo. “Todos os sindicatos passam metade da vida negociando assistência de saúde. Porque o custo da saúde sobe e os Estados ou cidades dizem ‘ok, vamos manter seu status de convênio médico como está, mas não te daremos aumento salarial'”, disse, criticando o atual sistema de saúde americano. Pouco depois, entrou no ônibus com seu nome e viajou para Cedar Rapids.
As cidades de Cedar Rapids, Waterloo e Davenport, mais ao norte do Estado, ficaram especialmente movimentadas pelas campanhas de Sanders, Biden, Elizabeth Warren e Pete Buttigieg entre sábado e domingo. As três regiões têm média de empregados em manufatura acima da média nacional.
Sanders teve bom desempenho na região em 2016, provando que vai além do seu eleitorado típico: os jovens. A então senadora Hillary Clinton superou Sanders em Iowa por uma margem apertada: 49,9%, ante 49,6%.
Preferências
Com quatro candidatos bem pontuados nas pesquisas, os eleitores ficam a todo tempo recalculando seu voto com base em quem chega com mais chances na disputa.
Brooke Summers e Sidney Asher são amigas e foram juntas a um comício de Sanders nos últimos dias. A primeira admite que prefere Warren, mas pode votar em Sanders se ele mostrar que tem mais chances de ganhar. “Quero ver uma mulher presidente, mas os dois têm plataformas similares”, afirma. Ela se surpreende quando Sidney afirma que prefere Sanders, mas pensa em votar em Buttigieg. O primeiro está na ala mais progressista do partido enquanto o segundo é tido como um moderado. É mais comum que Warren e Sanders disputem uma faixa de eleitores democratas mais à esquerda, e Biden e Buttigieg lutem pelos moderados. “Gosto do Bernie (Sanders), de verdade. Mas uma coisa que me faz considerar Pete (Buttigieg) é que cresci numa família muito religiosa e muito democrata, o que não é tão comum, e todos eles amam o Pete. Isso pode ser um sinal da viabilidade dele”, diz Sidney.
Tanto em Des Moines como em Cedar Rapids, Sanders atraiu no final de semana um eleitorado apaixonado e, quase sempre, avesso a Joe Biden. Na plateia do evento realizado pelo sindicato de funcionários públicos, Candice Acord e Peter Abott balançaram. Ela pretende votar em Warren e ele, em Buttigieg, mas ambos saíram do evento considerando mudar de ideia. “Não tem um candidato ruim. Qualquer um deles que ganhe, eu vou apoiar. Mas ainda quero ouvir Pete pessoalmente antes de decidir”, disse Abott. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Beatriz Bulla, enviada especial
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